Da Fazenda Rocinha do século XIX ao loteamento em meados do século XX, passando por um quase bairro operário e de fato roça até o processo da Favelização. A busca por direito a um lugar para morar sempre foi luta de trabalhadoras (es) não sendo diferente de muitas localidades, se manter no espaço na perspectiva de ficar sem ser removidos é uma realidade vivida até os dias de hoje a resistência para permanecer no local ocupando dando assim uma função social a terra é direito, porém, assim a Favela da Rocinha foi se constituindo, que nunca foi pacifica pelo direito de se estabelecer no local, foram múltiplas formas de resistência e diálogo com o poder público exigindo direitos básico como saneamento básico e aparelhos públicos.
Nós cidadãos moradores da Favela da Rocinha localizada zona sul da cidade do Rio de Janeiro, sendo esta Favela considerada a maior favela do Brasil em concentração populacional em território e, com uma população estimada em 69,161 habitantes pelo último senso demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2011 a Secretaria de Estado da Casa Civil do Rio de Janeiro concluiu o Censo Domiciliar na Rocinha com 98.000 habitantes, porém as associações de Moradores da Rocinha seguido de outras entidades locais e coletivos sempre estimaram que a população está para mais de 100 mil habitantes.
Entre quantos somos estatisticamente cidadãos moradores da Rocinha sempre foi uma pergunta? Pois sabemos que tudo isto tem grandes impacto em investimentos público que de direito para melhoria da qualidade de vida.
O Programa de Aceleração do Crescimento que foi implementado na Rocinha sendo um grande investimento do governo Federal em parceria com o Estado do Rio de Janeiro, a partir de 2008, onde acreditávamos que este mega projeto urbanístico iria amenizar os problemas por falta de saneamento, acessibilidade e dentre outros, que a décadas os moradores sempre lutaram. O parecer do PAC só aconteceu em função de ações anteriores do fruto de um trabalho do Professor e arquiteto Luiz Carlos Toledo, que após ser selecionado em 2006 no concurso Ideia de urbanização do Complexo da Rocinha do próprio Estado do Rio de Janeiro. Toledo pôs em pratica o que levou seu projeto ser selecionado pelo Estado, e junto com equipe e representante da Associação de Moradores da época e jovens que fizeram parte da equipe em loco, deu origem ao que chamamos carinhosamente PEU (Plano de Estudo Urbano ou Plano Diretor da Rocinha) que serviu de base para o PAC – ROCINHA EM 2008.
O Peu ou plano diretor podemos dizer que é uma síntese da luta dos milhares de moradores desta Favela (por direitos básicos), infelizmente o que parecia estar se consolidando com as obras do PAC de 100%, faltou a conclusão de 20 a 30%. Uma outra expectativa foi no governo da presidenta Dilma Rusef a continuidade do PAC com um grande investimento na Rocinha, porem mais uma vez ganhávamos mais não levamos (levamos bola nas costas), mais uma vez sem saneamento básico, ou o pouco que se tem foram pelos moradores que realizaram e que sempre buscaram melhorar a qualidade de vida.
2019 governo Wilson Wiltzel prometeu e além da promessa incube a CEDAE de realizarem um investimento de 2 bi em que 100% seria quase a cobertura para o saneamento básico pelo a base, o programa Comunidade Cidade seria para melhorar a qualidade de vida da Rocinha, muitas foram as expectativas, obras iniciadas em 2019 parada e reiniciada pela CEDAE em junho de 2020 mesmo na pandemia. Ainda ao final de 2020 os moradores da Rocinha foram surpreendidos com a divulgação que o programa Comunidade Cidade não mais existiria, como assim, foi, é, são as milhares de perguntas dos moradores pelas redes sociais. Sendo de total falta de respeito e transparência e tratamento com povo da Rocinha que são cidadãos que merecem explicações do governo em exercício queremos as obras que é de direito, e exigimos senhor governador em exercício Cláudio Castro uma audiência com representantes dos seguimentos da Favela da Rocinha para discutirmos a volta dos investimentos do Comunidade Cidade.
Antônio Carlos Firmino – Professor – Diretor fundador do Museu Sankofa, Memória e História da Rocinha