Rio de Janeiro – Muitas são as produções de imagens sobre a favela e os espaços periféricos. Tais imagens muitas vezes são fruto da constante inserção nos noticiários em temas ligados à violência. Há, ainda, uma reprodução recorrente desses territórios a partir da lógica da ausência: demarcando a precariedade das ações do poder público e a dificuldade de acesso a bens e serviços comuns que deveriam ser ofertados à população.
Mediante ao entendimento de que a Favela tem inúmeras potencialidades e que seu espaço é permeado de memória, saberes e inventividade, o Projeto Corpo Morada é uma iniciativa do Observatório de Favelas, através do eixo de Políticas Urbanas e do Programa Imagens do Povo, com patrocínio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ).
A favela é viva, um espaço pulsante de vivências resistentes. O diálogo cultural que existe na integração com o espaço urbano formal precisa ser valorizado. O CAU-RJ se sente honrado em patrocinar o projeto Corpo Morada dando visibilidade a esta iniciativa que mostra a potência da cultura da favela para toda a cidade., afirma a vice-presidente do CAU/RJ, Luciana Mayrink
O projeto acontecerá entre abril e junho de 2021 e contará com oficina de fotografia e exposição fotográfica. E tem como principal objetivo oferecer subsídios para pensar e propor a Favela como Patrimônio da Cidade utilizando a fotografia como fator de mobilização e sensibilização.
“A oficina de imagens surgiu da necessidade de multiplicarmos olhares e representações sobre o Rio de Janeiro, seus territórios e seus habitantes, especialmente no ano em que a cidade se tornou capital mundial da arquitetura. O Rio vivido nos territórios populares e construído, sobretudo pelos moradores e moradoras destes espaços, deve ser referência para uma cidade menos desigual e mais democrática”, destaca Aruan Braga, coordenador do Eixo de Políticas Públicas do Observatório de Favelas.
Com inscrições abertas entre 16 e 25 de abril, a oficina de imagens “Corpo Morada: Favela como patrimônio da cidade” é a primeira atividade do projeto. Iniciando em 4 de maio, as aulas serão remotas e acontecerão durante os meses de maio e junho, sempre às terças de 18h30 às 20h30.
Para Thais Ayomide, fotografa educadora do Imagens do Povo, “a oficina busca refletir como o território influencia na nossa dinâmica corporal e com isso constrói corpos políticos, que transitam pela cidade levando seus lares, suas histórias, seus territórios, suas raízes e evidenciando como a favela é movimento.”
Sobre o Observatório de Favelas
Observatório de Favelas, criado em 2001, é uma organização da sociedade civil sediada no Conjunto de Favelas da Maré, mas com atuação nacional. Dedica-se à produção de conhecimento e metodologias visando incidir em políticas públicas sobre as favelas e promover o direito à cidade. Fundado por pesquisadores e profissionais oriundos de espaços populares, tem como missão construir experiências que contribuam para a superação das desigualdades e o fortalecimento da democracia a partir da afirmação das favelas e periferias como territórios de potências e direitos. Atualmente, tem em andamento projetos, divididos em cinco áreas: Arte e Território, Comunicação, Direito à Vida e Segurança Pública, Educação e Políticas Urbanas. Muitos em parcerias com universidades, organizações locais, nacionais e internacionais.
Sobre o Eixo de Políticas Urbanas
O Observatório de Favelas busca contribuir para a construção de cidades em que todas as pessoas possam viver com igualdade do ponto de vista da dignidade humana. Neste sentido, o eixo Politicas Urbanas se dedica à produção de diagnósticos e metodologias de intervenção que contribuam para a redução das desigualdades sociais a partir da vivência e dos saberes urbanos populares, em particular das favelas e periferias. A partir deste eixo, a instituição mobiliza e promove incidências políticas sobre os poderes públicos por meio da proposição de conceitos e implementação de tecnologias sociais de referência, apontando caminhos que fortaleçam a democracia, reduzam desigualdades estruturais e garantam o “Direito à cidade”.
Sobre o Imagens do Povo
Criado em 2004 pelo Observatório de Favelas e pelo fotógrafo documentarista João Roberto Ripper, o programa Imagens do Povo alia a técnica fotográfica às questões sociais, registrando o cotidiano das favelas através de uma percepção crítica que leva em conta o respeito aos direitos humanos e à cultura local. Neste processo, fotógrafos e comunidades resgatam e fortalecem seus vínculos identitários a partir do uso da linguagem fotográfica, que se torna instrumento de acesso e mapeamento de diferentes expressões culturais e sociais dos territórios onde residem, ampliando as possibilidades de difusão de novas imagens destes locais.
Sobre o CAU
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo foi instituído por meio da Lei Federal n° 12.378/2010. Enquanto autarquia dotada de personalidade jurídica de direito público, com autonomia administrativa, financeira e estrutura federativa, passa a regulamentar as atividades de arquitetura e urbanismo no país. O CAU/RJ surge como o mais novo interlocutor da sociedade na agenda do desenvolvimento urbano, tendo como principal missão orientar e desenvolver as atividades profissionais, restabelecendo o papel social do arquiteto e urbanista. Além de defender a sociedade, o bem viver, a qualidade do ambiente urbano, através da garantia das melhores práticas profissionais.
Serviço
Oficina de fotografia “Corpo Morada: Favela como patrimônio da cidade”
Inscrições – 16 à 25 de abril
Link das Inscrições: http://bit.ly/CorpoMorada_
Critérios de seleção: Esta seleção se destina a fotógrafas, fotografes e fotógrafos residentes em favelas e periferias da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, preferencialmente, mulheres negras, cis e trans que se interessem em desenvolver reflexões acerca da imagem,da valorização das narrativas, das práticas culturais e expressões sociais populares.
Vagas: 15
Seleção – 26 à 29 abril
Resultado – 30 de Abril
Período da Oficina: 04 maio – 22 junho
Dia e horário das oficinas: Terças feiras de 18h30 até 20h30.
Realização: Observatório de Favelas
Parceria e Apoio: Conselho de Arquitetura e Urbanismo
Fonte: Assessoria do Projeto