Morre o arquiteto Jorge Wilheim
14 de fevereiro de 2014 |
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O Conselho de Arquitetura do Rio de Janeiro – CAU/RJ lamenta o falecimento do arquiteto e urbanista Jorge Wilheim, nesta sexta-feira (14/02), em São Paulo, aos 85 anos. Um dos destacados signatários do abaixo-assinado de 2003 em defesa da criação do CAU, Wilheim ficou conhecido não só pela importância como urbanista, mas também pelo talento demonstrado desde o início da carreira. Foi um dos mais importantes arquitetos e urbanistas brasileiros e recebeu vários prêmios, ganhando concursos que marcaram a cidade de Sāo Paulo, como o Largo da Memória e o Vale do Anhangabaú, onde se encontra a sede do CAU/SP. Ocupou ainda cargos públicos como Secretário de Planejamento, Secretário de Meio Ambiente do Estado de Sāo Paulo e Secretário de Planejamento da PMSP.
Internado desde dezembro do ano passado, após sofrer um acidente de carro, Jorge Wilheim foi enterrado no cemitério Israelita, no Butantã. Casado, ele deixa dois filhos e netos.
História
Italiano de nascimento, Jorge Wilheim chegou ao Brasil ainda na infância. Formou-se pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em 1952. Participou do concurso para a realização do anteprojeto de plano diretor de Brasília, com Maurício Segall, Pedro Paulo Poppovic, Péricles do Amaral Botelho, Riolando Silveira, José Meiches, Rosa Kliass, Arnaldo Tonissi, Odiléia Helena Setti e Alfredo Gomes Carneiro. Cinco anos mais tarde, associado a Carlos Millan (1927-1964) e Maurício Tuck Schneider, vence o concurso para a construção do Edifício Jockey Club de São Paulo, no Largo do Ouvidor. Realizou inúmeros planos diretores para cidades em desenvolvimento, como Curitiba, Joinville, Osasco, Natal e Goiânia. Em 1969, fez o projeto do Parque Anhembi, em São Paulo, cujas instalações incluem o Pavilhão de Exposições, o Palácio das Convenções e um hotel. De sua imaginação vieram as sedes do Hospital Albert Einstein, da Fundação de Apoio e Amparo à Pesquisa (FAPESP), Clube Hebraica, SESI Vila Mariana, Indústria Gessy Lever e Coti, prédio do Jockey Clube de São Paulo e a Galeria Ouro Fino. Associado a Rosa Kliass e Jamil Kfouri, vence o concurso para a reurbanização do vale do Anhangabaú, construído e inaugurado dez anos mais tarde.
Em 1975, começou uma longa e profícua carreira na vida pública, quando atuou como secretário de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo. Foi titular da Secretaria Municipal de Planejamento de São Paulo, quando coordenou a elaboração do plano diretor da cidade, em 1984 (não efetivado). No governo Orestes Quércia, de 1987 a 1991, foi nomeado secretário estadual do Meio Ambiente e, na administração seguinte, de Luiz Antônio Fleury Filho, foi presidente da Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo (Emplasa). Em 1994, a convite da Organização das Nações Unidas (ONU), mudou-se para Nairóbi, no Quênia, para assumir o cargo de secretário-geral adjunto da Conferência Mundial Habitat II, realizada em 1996, em Istambul, na Turquia.
De volta ao Brasil, retoma projetos de planos diretores para cidades como Campos do Jordão, São Paulo, em 2000, e Araxá, Minas Gerais, em 2002, além de realizar o projeto da cidade industrial de Londrina, Paraná, em 1997. Retorna à vida pública na administração da prefeita Marta Suplicy, entre 2001 a 2004, novamente como presidente da Sempla, e coordena a elaboração do plano diretor estratégico de 2002. Nesse período, publica o livro Tênue Esperança no Vasto Caos: Questões do Proto-Renascimento do Século XXI, em que procura sistematizar sua experiência no campo do urbanismo, lançando perspectivas para o futuro das cidades.
O sociólogo espanho Manuel Castell uma vez definiu Jorge Wilheim como um “visionário pragmático, sempre interessado nos grandes debates intelectuais, mas também desconfiado da aristocrática alienação de certos teóricos de esquerda”.
Com informações da Enciclopédia Itaú Cultural.