Luiz Carlos Toledo lança “Repensando as Habitações de Interesse Social”
O livro, patrocinado pelo CAU/RJ, foi apresentado em evento com palestra sobre projetos de moradia popular
13 de março de 2015 |
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O salão ficou lotado durante apresentação do livro de Luis Carlos Toledo no IAB-RJ (Divulgação CAU/RJ / Fernando Alvim)
O lançamento do livro “Repensando as Habitações de Interesse Social” escrito pelos arquitetos Luiz Carlos Toledo, Petar Vrcibradic e Verônica Natividade, lotou o restaurante Nanquim, na sede do IAB-RJ, na noite de quinta-feira (12).
Resultado da interação da equipe de arquitetos com os moradores e seu espaço, a publicação mostra a experiência do Plano Sócio Espacial da Rocinha. Patrocinada pelo CAU/RJ através do edital de patrocínio cultural, a obra apresenta soluções inovadoras e integradas à paisagem natural da Rocinha por meio de textos e imagens. “O apoio ao livro é uma ação importante de valorização profissional da arquitetura e urbanismo no estado do Rio, afirmou o presidente do CAU/RJ, Jerônimo de Moraes.
Toledo, que manteve durante dois anos um escritório dentro da comunidade voltado a um projeto de urbanização da Rocinha, ressaltou a importância das sugestões dos moradores, que nem sempre gostavam do que era proposto, para o sucesso do projeto: “dessa dialética conseguimos produzir ideias, que nem sempre eram as melhores, mas eram as possíveis”. “A Rocinha foi usada como modelo, mas esses projetos são adaptáveis para qualquer comunidade. O problema é que eles nunca serão construídos porque não se adequam aos programas do governo nem da Caixa”, lembrou o arquiteto e urbanista.
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Na palestra de apresentação do livro, Verônica Natividade ressaltou o caráter transgressor à lei dos projetos idealizados. “Somos fora da lei intencionalmente, porque queríamos criticar o tipo de projeto de programas habitacionais como o ‘Minha Casa, Minha Vida’, que não têm relação com o contexto da comunidade ou um critério urbanístico elaborado”, disse a arquiteta, acrescentando que a meta era não expulsar a população do lugar que ocupa na cidade.
Luciana Corrêa do Lago, coordenadora do projeto de tecnologia social para habitação de interesse social da Finep, teceu inúmeros elogios ao trabalho ao justificar o financiamento dos estudos pela rede de pesquisa. “Entramos no projeto para viabilizar um sonho, uma utopia do Toledo. Era importante continuar com aquele trabalho belíssimo que o Toledo começou na Rocinha, ouvindo uma população desrespeitada historicamente nesse país. Esses projetos só foram possíveis por causa da relação de reciprocidade e confiança construída no território”, avaliou.
“A verticalização já é uma realidade na Rocinha. A média é de construções que vão de três a cinco pavimentos”, explicou Petar Vrcibradic, que apresentou os modelos de ocupação do solo

Luiz Carlos Toledo com Jerônimo de Moraes e Luis Fernando Valverde, presidente e vice-presidente do CAU/RJ (Divulgação CAU/RJ / Fernando Alvim)
na comunidade. Ele comparou ainda a densidade da Rocinha com a de outras áreas da cidade: “Copacabana, que é o bairro mais denso da cidade, tem 50% menos densidade que a Rocinha, mesmo nas quadras com espaços públicos”.
O presidente do IAB-RJ, Pedro da Luz, abriu a apresentação lembrando que, como muitos presentes, foi estagiário de Toledo. Ele ressaltou que o livro trata de uma das questões fundamentais na cidade do Rio. “Essa é uma ocasião para fertejarmos um feito maravilhoso: a tentativa de reverter a inércia com que as cidades estão sendo construídas”, disse o arquiteto e urbanista.
Leia mais sobre a obra na resenha publicada no site Vitruvius.