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Dia Mundial da Arquitetura lança chamado internacional por comunidades resilientes

Muro de contenção será construído para proteger residências onde moram cerca de 200 famílias, em Franco da Rocha/SP. Projeto de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social conta com patrocínio de edital do CAU Brasil

“Arquitetura para Comunidades Resilientes” é o tema do Dia Mundial da Arquitetura 2023. A data celebrada nesta segunda-feira, 2 de outubro, é um chamado global à responsabilidade da arquitetura na criação de uma vida comunitária viável. O tema escolhido pela União Internacional dos Arquitetos (UIA) está alinhado com o Dia Mundial do Habitat de 2023 que evoca “Economias urbanas resilientes: as cidades como motores do crescimento e da recuperação”.

A presidente Nadia Somekh lembrou a importância dos arquitetos e urbanistas diante deste contexto, considerando que o país tem 25 milhões de moradias precárias. “No Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, trabalhamos para proteger a sociedade. Quase 1/4 das moradias do país necessitam do apoio da nossa profissão. Salve o nosso ofício, salve a arquitetura do mundo inteiro”, declarou.

Empoderar as comunidades para enfrentar os impactos gerados por eventos climáticos está no radar da atual gestão do CAU Brasil.  Desde 2021, está em realização o Programa Mais Arquitetos, cruzada nacional por moradia digna com valorização profissional. “Com o “Mais Arquitetos”, queremos beneficiar a Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social e manter a resiliência das nossas cidades, das nossas comunidades”, explicou a presidente Nadia Somekh.

DATA GLOBAL

A cada ano desde 1985, a UIA elege um tema emergente para marcar nesta data, que ocorre na primeira segunda-feira de outubro, paralelamente ao Dia Mundial do Habitat das Nações Unidas (ONU). Ao defender “Arquitetura para Comunidades Resilientes”, a organização provoca o debate internacional sobre a relação entre áreas urbanas e rurais em todos os países. A expansão urbana descontrolada ameaça o equilíbrio ambiental, social e econômico em todo o mundo. As crises climáticas, a pandemia e as convulsões políticas em muitos países revelaram desigualdades sociais, econômicas e ambientais colocam em risco as comunidades, afetando desproporcionalmente os grupos pobres e marginalizados.

Com a data, a UIA lembra que a arquitetura oferece respostas para os desafios das comunidades ao levar em consideração eficiência e adequação dos instrumentos de planeamento para a organização dos territórios e a produção de espaços adequados do ponto de vista ambiental e social. É um convite para que as Secções Membros fortaleçam a discussão sobre o tema e a incentivarem conceitos e políticas de planejamento territorial e urbano que permitam aos arquitetos o desenvolvimento de soluções inovadoras e projetar edifícios e espaços públicos viáveis ​​para comunidades resilientes, visando humanizar todos tipos de urbanização, respeitar o património cultural e restaurar a relação com a natureza e a biodiversidade.

O vice-presidente da UIA para a Região das Américas, Nivaldo Andrade, lembrou que o assunto foi pauta do Congresso da UIA 2021, que aconteceu no Rio de Janeiro. Segundo Nivaldo, o tema está relacionado com a capacidade da arquitetura de qualificar a vida das pessoas, principalmente daquelas comunidades que lidam com as situações mais delicadas de ameaças decorrentes das mudanças climáticas, do desequilíbrio ambiental, da desigualdade social e econômica que é consequência do crescimento urbano descontrolado. “Nós, arquitetos, temos como desafio justamente lutar para minimizar os impactos e qualificar a vida das pessoas nesses contextos de desigualdades sociais econômicas e de desequilíbrio ambiental e de grandes crises e mudanças climáticas. Se trata, acima de tudo, de promover uma arquitetura comprometida social e ambientalmente”, afirmou.

CIRCUITO URBANO

Paralelamente, a ONU HABITAT promove a edição anual do Circuito Urbano, que em 2023 conta com 235 eventos e a participação de mais de 20 países da América Latina e da África lusófona.

No Brasil, os eventos ocorrem entre os dias 2 e 31 de outubro, nas modalidades presencial, virtual ou híbrida. O tema é “Investindo em futuros urbanos: Cooperação para Resiliência do Sul Global”. ACESSE A PROGRAMAÇÃO COMPLETA

ARQUITETURA BRASILEIRA PARA COMUNIDADES RESILIENTES

Em 2022, o CAU lançou o Edital Nº 05/2022 para investir até R$ 1.500.000,00 em projetos de ATHIS voltados à prevenção e mitigação de riscos e ações de recuperação de áreas degradadas por desastres ambientais que assolaram as cidades no território brasileiro nos últimos 5 anos, entre 2018 e 2022.

Os recursos são provenientes do orçamento da autarquia voltados à promoção da Arquitetura e Urbanismo para todos. O CAU/BR e os CAU/UFs destinam, no mínimo, 2% de seus recursos arrecadados anualmente para financiar iniciativas de assistência técnica em habitação de interesse social.

Conheça algumas iniciativas:

A produção de laudos técnicos para fundamentar a regularização fundiária urbana das ocupações Em Busca de um Sonho e Em Busca por Moradia, às margens do Córrego da Água Quente, em São Carlos/SP, é o objetivo do projeto que vem sendo realizado pela Associação Veracidade. A proposta utiliza abordagem sistêmica e participativa para prevenir e mitigar riscos socioambientais em áreas degradadas na Bacia Hidrográfica do Córrego Monjolinho.

O projeto que contempla a ocupação Em Busca de um Sonho está finalizado o parecer jurídico sobre a titulação das famílias. Na ocupação Em Busca de uma Moradia, a equipe tem trabalhado para a proposição de alternativas para a mitigação dos riscos socioambientais diagnosticados. Todo o trabalho vem sendo desenvolvido a partir de oficinas participativas e colaborativas com as comunidades.

 

Comunidade participa do processo de regularização fundiária urbana em São Carlos/SP

 

O Projeto de Reabilitação Urbana e Ambiental Gogó da Ema, em Itabuna/BA, projeto de extensão da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFBS), é realizado por eixos de Intervenção. O Eixo de Melhorias Urbanísticas possibilitou a conclusão do estudo preliminar do novo sistema viário e elaborou uma maquete física para a compreensão da comunidade.

O Eixo de Melhorias Habitacionais realizou 18 levantamentos cadastrais de moradias para propor as reformas das casas. Na fase atual, estão sendo elaborados os projetos, orçamentos e elaboração de maquetes físicas. Pelo Eixo Saúde e Natureza, estão sendo realizadas atividades de formação e educação ambiental. Também estão sendo realizadas ações envolvendo a comunidade pelos eixos de Juventude, Arte e Cultura e de Memória.

 

O Plano Comunitário de Gestão de Riscos proposto pelo Instituto Pólis procura evitar que Ponta Negra, no Rio de Janeiro, reviva os traumas causados por um evento climático extremo que afetou a comunidade em abril de 2022, quando dois deslizamentos atingiu nove casas fez sete vítimas.

Por meio de oficinas participativas, a equipe técnica e a comunidade identificaram os processos do meio físico de origem climática que são indutores das situações de risco no local e definiram as medidas de alerta, monitoramento climático e as ações de proteção e refúgio dos moradores. O projeto também propôs a adoção de soluções baseadas na natureza (SbN) para ampliar o desenvolvimento local da comunidade.

 

Gestão de Riscos procura evitar novas tragédias em Ponta Negra

Em Franco da Rocha/SP, o Mutirão São Carlos vem promovendo parcerias institucionais para promoção de ATHIS em uma área pública ocupada há mais de 30 anos. Uma das principais ações é a realização de um muro de contenção para proteção das cerca de 200 famílias que vivem no local.

A estrutura utiliza a tecnologia logblock que conta com blocos de concreto de alta performance que contemplam também o ordenamento pluvial e permitem a instalação pela própria comunidade. Até o momento, o Instituto Soma, responsável pela parceria, já executou o diagnóstico multidisciplinar, sondagem, planejamento do canteiro de obras e quantificação de materiais.

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Outra ação potente é o Projeto Amazônia 2040, que visa o fortalecimento das comunidades da região amazônica. Desenvolvido pelo CAU Brasil junto com entidades da arquitetura e urbanismo e organizações que pesquisam e atuam na Amazônia, o projeto oportuniza aos arquitetos e urbanistas brasileiros projetarem para o mundo alternativas concretas de enfrentar à crise climática e as desigualdades, garantindo a preservação da floresta em busca de um futuro sustentável.

O arquiteto Ricardo Mascarello, coordenador da Comissão de Política Urbana e Ambiental do CAU Brasil, afirma que “para arquitetarmos as cidades do futuro é preciso enaltecer os benefícios da natureza e torná-la parte da arquitetura para o bem social e ambiental de todo o planeta. Nosso porvir deverá estar impregnado por arquiteturas e tecnologias verdes integradas aos fatores naturais. A arquitetura e o urbanismo tem um poder fantástico transformador para nos aproximarmos harmonicamente dos bens naturais e edificarmos meios mais saudáveis de se viver”.

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Fonte: CAU Brasil

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