A proposta de transformar o Museu Nacional em centro turístico dedicado à família imperial, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, no dia 26 de março, mobilizou não apenas a comunidade acadêmica, mas toda a sociedade. Em nota divulgada no domingo, dia 29, A associação de Amigos do Museu Nacional (SAMN) destaca a importância do conhecimento científico desenvolvido não só no Museu, mas também no Paço de São Cristóvão.
A Associação Amigos do Museu Nacional – SAMN, a propósito de sugestão de dissociação entre
o Museu Nacional e o Paço de São Cristóvão.
Fundada em 1937, a SAMN é uma associação civil dedicada exclusivamente ao Museu Nacional / UFRJ, à satisfação de suas necessidades institucionais e à consecução de seus projetos científicos, educativos e culturais.
Desde o incêndio do Paço de São Cristóvão, quando se perdeu uma parcela monumental das riquezas culturais, artísticas e científicas lá contidas e expostas, vem a Associação se dedicando com afinco a apoiar as diversas iniciativas, internas e externas, que visam reconstruir e restaurar o Paço e as demais dependências do Museu, assim como recompor sobre novas bases as atividades de ensino, pesquisa e extensão que o caracterizam desde o século XIX.
O Museu Nacional, criado em 1818, foi transferido para o Paço no começo da República, como um sinal da importância que o novo regime atribuía à ciência, como caminho do progresso e da autonomia da nação. Na verdade, ainda durante o Segundo Império, já abrigava o Paço um considerável investimento no conhecimento científico e na criação cultural, pois lá se encontravam um observatório astronômico e um museu de ciências, pequeno mas rico, aberto ao público. Essa vocação se viu coroada com a acolhida da primeira instituição científica nacional, que, ao longo do século XX e até hoje, se projeta, nacional e internacionalmente, pela excelência de sua atividade acadêmica.
A associação entre o Museu Nacional e o Paço de São Cristóvão já se estende portanto por mais de um século, dentre os dois que comemorou o Museu em 2018. Na reforma das exposições que se busca implantar desde o começo do século XXI – sempre tolhida pela precariedade dos recursos – já constava, desde o início, com considerável ênfase, a ênfase na memória da ciência brasileira do século XIX e sua relação com o patronato imperial. O projeto ora em elaboração para as futuras exposições que ocuparão o restaurado palácio preserva essa intenção, na atenção à importância da dimensão histórica de toda ciência; ao lado da apresentação de seus
avanços mais contemporâneos.
Com o incêndio, perderam, o Museu e o Paço, muito de sua memória e brilho. As ações ora em curso, que congregam esforços da UFRJ, da comunidade museal, de instituições patrimoniais nacionais e internacionais, do empresariado e da sociedade civil, visam fazer com que essa aliança histórica prossiga sem interrupção, para o progresso da ciência, a preservação do patrimônio nacional, a educação em todos os níveis – propósitos maiores para o futuro desta Nação.
Em 28 de março de 2021
A Diretoria