O Festival Interativo de Música e Arquitetura (Fima) abre nova temporada com apresentação, no dia 22 de dezembro, no Palacete do Petit Trianon, na Academia Brasileira de Letras (ABL). No salão onde tomam posse os imortais da ABL, vão se apresentar o sopranista Bruno de Sá e a pianista Priscila Bomfim. O duo será acompanhado dos comentários do arquiteto e professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Gustavo Rocha-Peixoto. O evento tem início previsto para as 18h30, e a entrada é gratuita.
Considerado “uma voz poderosa com tons de mel (…) uma real descoberta” pela revista brasileira Concerto – na qual, inclusive, estampa a capa da edição deste mês de dezembro – e arrancado elogios do jornal francês Le Monde (“o sopranista brasileiro deixou estupefato o mundo lírico…”), o jovem Bruno de Sá destacou-se ao receber o OPER! Prêmio 2020 na categoria “Melhor Revelação do Ano”. Como artista exclusivo da Erato/Warner Classics, seu primeiro álbum solo “Roma Travestita” foi lançado em setembro de 2022, recebendo elogios da imprensa e do público em todo o mundo. Primeira mulher e diretora musical a reger óperas da temporada oficial do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a pianista e maestra Priscila Bomfim já regeu importantes orquestras brasileiras e, em 2022, estreou óperas inéditas dos compositores Mario Ferraro, Armando Lôbo, Arrigo Barnabé e Tim Rescala.
O programa fará uma viagem pela história e pela arquitetura do palacete, desde a sua concepção na França – construído no século XVIII pelo Rei Luis XV para a sua amante, a Madame de Pompadour, passando pelo reinado de Luiz XVI, que o ofereceu à esposa Maria Antonieta – até chegar à esplanada do Castelo, no Rio de Janeiro, para as celebrações do centenário da Independência e, em seguida, tornar-se a primeira sede própria da Academia Brasileira de Letras. Assim, serão interpretadas obras de compositores dos séculos XVII ao XXI, passando por nomes como Scarlatti, Broschi, Piccinni, Mozart, até chegar aos brasileiros Villa-Lobos, Ovalle, Santoro e Miranda.
Os acadêmicos também estarão representados com música: “Azulão”, do compositor Jayme Ovale com poesia de Manuel Bandeira, assim como as escritoras brasileiras, como “Retrato”, de Ronaldo Miranda com letra de Cecília Meireles. A escritora tinha todos os méritos, livros e condições para entrar na ABL (mas não entrou, porque naquela época mulheres ainda não eram admitidas, o que só veio a acontecer no dia 4 de novembro de 1977, com a posse de Rachel de Queiroz). A escritora foi distinguida pela ABL em 1938 com o Prêmio Olavo Bilac e com o Prêmio Machado de Assis, postumamente, em 1965.
Em sua segunda edição, o Fima convida o público a viver mais uma experiência imersiva que une música e arquitetura agora em alguns dos mais importantes Palácios do Brasil. Além do Rio de Janeiro, o festival estará presente no Maranhão, Pará e Minas Gerais com historiadores da arte e arquitetos, abrindo caminhos para que músicos brasileiros consagrados apresentem obras musicais que dialoguem com a arquitetura, a arte decorativa e a história desses icônicos edifícios, que representam alguns dos mais importantes patrimônios materiais do nosso país.
O Palacete do Petit Trianon, na Academia Brasileira de Letras, e os Palácios do Catete e Imperial de Petrópolis estão entre os locais que receberão os concertos no estado do Rio de Janeiro. Idealizador e diretor artístico do evento, o músico e produtor cultural Pablo Castellar revela que nesta segunda edição serão celebrados, em sua maioria, palácios dos períodos colonial e imperial. “Ofereceremos ao público, através de um diálogo cativante e multissensorial entre a música e a arquitetura do Fima, a oportunidade de apreciar, valorizar e construir um sentimento de pertencimento em relação a estes valiosos patrimônios culturais de nossa sociedade que ao longo dos séculos também abrigaram personagens icônicos de nossa história”, conta.
O evento conta com patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
II Fima- Programação 2023
Nas semanas dos aniversários dos municípios do Rio de Janeiro e de Petrópolis, o Fima vai celebrar dois importantes palácios dessas cidades. No dia 4 de março, o festival estará no Palácio do Catete, apresentando a soprano Daniela Carvalho com os comentários do pesquisador e historiador deste museu Marcus Macri. Já no dia 18 de março, celebrando os 180 anos de Petrópolis, o festival estará no Palácio Imperial. O coral dos Canarinhos de Petrópolis, que comemora os 80 anos de fundação de seu conjunto, apresentará programa de música coral da época do Império, trazendo obras de Marcos Portugal, Mozart, Verdi, Offenbach e Carlos Gomes, com comentário de Maurício Vicente Ferreia Júnior, diretor do museu.
Diferentemente da edição anterior – realizada apenas no estado do Rio de Janeiro – o II Fima contemplará importantes Palácios de outras cidades brasileiras. Em de janeiro, o festival embarca para a capital do Pará, onde visitará o Palácio Lauro Sodré, com apresentação da mezzo-soprano Carolina Faria e da pianista Ana Maria Adade, natural de Belém. Já os comentários estarão a cargo do historiador e professor da UFPA, Aldrin Figueiredo. Em abril, o Fima chega ao Palácio dos Leões, em São Luiz (MA), com participação do violinista Paulo Martelli, trazendo obras de Bach, Fernando Sor e Villa-Lobos. Em maio, será a vez de Ouro Preto (MG) receber o festival em programação a ser anunciada em breve.
A experiência do segundo Fima poderá ser vivida virtualmente. Além de toda programação presencial, haverá exibição online dos concertos (filmados em formato tradicional e em 360º), lançamento de websérie com notas de programa sobre os concertos e entrevistas com os convidados, e um podcast com os músicos e palestrantes.
As realizações do festival contemplam também aulas magnas de música gratuitas, presenciais ou remotas, com artistas convidados para o evento e o “Fima na Escola’’. Esta última é uma ação educacional para alunos da rede pública do município do Rio de Janeiro, com o objetivo de sensibilizar crianças, estimulando novos caminhos de valorização de suas identidades culturais. Tudo isso para que melhor compreendam a importância do patrimônio histórico de sua comunidade.
PROGRAMA
Solistas:
Bruno de Sá – Sopranista
Priscila Bomfim – Piano
ALESSANDRO SCARLATTI (1660-1725)
Da Serenata “Il Giardino d’Amore”
Ária “Se come dolce e vago”
COMPOSIÇÃO: 1705
DURAÇAO: 3 minutos
RICCARDO BROSCHI (1698 – 1756)
Da Ópera “Artaserse”
Ária “Son qual nave ch’agitata”
COMPOSIÇÃO: 1738
DURAÇÃO: 8 minutos
NICCOLÒ PICCINNI (1728-1800)
Da Ópera “La buona figliuola”
Ária “Furie di donna irata”
COMPOSIÇÃO: 1786
DURAÇÃO: 5 minutos
WOLFGANG AMADEUS MOZART (1756 – 1791)
Da Ópera “Le nozze di Figaro”
Ária “Dove sono”
COMPOSIÇÃO: 1786
DURAÇÃO: 5 minutos
JULES MASSENET (1842-1912)
Da Ópera “Chérubin”
Ária “Je suis gris! Je suis ivre!”
COMPOSIÇÃO: 1905
DURAÇÃO: 2 minutos
MODINHAS IMPERIAIS
Compilação de Mário de Andrade
“Róseas flores d’alvora”
“Lundum” para piano
“Ultimo Adeus de Amor”
CLAUDIO SANTORO (1919 – 1989)
Acalanto da rosa
Letra: Vinicius de Moraes
COMPOSIÇÃO: 1957
DURAÇÃO: 3 minutos
HEITOR VILLA-LOBOS (1887-1959)
Letra: Ruth V. Corrêa
Bachianas Brasileiras No.5
Ária “Cantilena”
COMPOSIÇÃO: 1938
DURAÇÃO: 6 minutos
Floresta do Amazonas – Melodia sentimental
Letra: Dora Vasconcellos
COMPOSIÇÃO: 1958
DURAÇÃO: 4 minutos
JAYME OVALLE (1894-1955)
Azulão op. 21
Letra: Manuel Bandeira
COMPOSIÇÃO: 1938
DURAÇÃO: 2 minutos
ANÔNIMO
Arr. Radamés Gnattali (1906-1988)
A casinha pequenina
COMPOSIÇÃO: 1940
DURAÇÃO: 3 minutos
RONALDO MIRANDA (1948 – )
Retrato
Poema: Cecília Meirelles
COMPOSIÇÃO: 1969
DURAÇÃO: 3 minutos