Encontros celebram 50º aniversário da Convenção do Patrimônio Mundial

O CAU/RJ, em parceria com a plataforma global Novas Abordagens em Patrimônio (New Heritage Approaches), promove nos dias 29 de agosto, 21 de setembro e 19 de outubro a série de mesas-redondas “Os diálogos transnacionais 2022” como parte das atividades do movimento Nosso Patrimônio Mundial (Our World Heritage https://www.ourworldheritage.org/the_initiative/).

A iniciativa acontece desde novembro de 2020, com a segunda edição ocorrendo em março de 2021. Estes eventos foram preparatórios para a realização do Globinar Novas Abordagens em Patrimônio (https://www.ourworldheritage.org/new_approaches/) durante o mês de junho de 2021, que reverberou vozes de todo o mundo e promoveu debates sobre diversos temas relacionados à conservação da paisagem e do patrimônio.

Dando continuidade a esta série de encontros, os Diálogos Transnacionais de 2022, têm como objetivo celebrar o 50º aniversário da Convenção do Patrimônio Mundial, e enfocar particularmente o seu Art. 5º, alínea a, que exorta a necessidade de o patrimônio cultural e natural terem uma função na vida das comunidades locais.

As mesas-redondas ao longo de 2022 enfocarão três forças do cotidiano: arte, comida e habitação – que se traduzem em apostas potentes para incluir, incorporar e transformar o patrimônio em cotidiano vivido das comunidades, tanto das periféricas como das centrais.

Cidade, moradia e patrimônio: conflitos sociais, cidadania e bem viver

As mesas-redondas Cidade, moradia e patrimônio: conflitos sociais, cidadania e bem viver têm como objetivo refletir sobre o lugar do patrimônio na cidade contemporânea e aprofundar os atravessamentos com a questão do uso habitacional, que se revela preponderante na vida das comunidades em suas distintas camadas sociais. Pretende-se divulgar iniciativas que estão sendo realizadas no Brasil para a conservação e recuperação do patrimônio e discutir experiências de gestão, planos urbanos, ações, intervenções e estratégias coletivas da sociedade civil sobre o tema da moradia social em centros históricos, em áreas protegidas ou em edificações patrimonializadas ou de interesse para o patrimônio.

A acelerada transformação urbana no Brasil, sobretudo nas regiões metropolitanas, segue gerando impactos e alterações substantivas nas formas de habitar as cidades. Entre as múltiplas mudanças vivenciadas no tecido urbano e, consequentemente, no corpo social que o habita, é possível destacar processos relacionados à segregação social, ao esvaziamento e degradação das áreas centrais, à gentrificação e à modificação da dinâmica econômica dos mercados fundiário e imobiliário, tanto formais quanto informais. A flagrante carência habitacional nas cidades brasileiras, sobretudo entre as camadas mais pobres da população, coloca na ordem do dia questões relacionadas à permanência e à conviviabilidades de grupos sociais diversos nas áreas centrais, como também os conflitos socioambientais nos territórios protegidos por seus atributos ecológicos e paisagísticos. Com isso, o debate sobre o aproveitamento do patrimônio edificado urbano para o uso habitacional ou outros usos sociais e sobre as formas de financiamento para viabilizar o acesso à moradia digna torna-se crucial.

Neste sentido, as mesas-redondas pretendem estimular o debate e ampliar a troca de saberes e a socialização de conhecimento sobre iniciativas inovadoras, que sejam capazes de modificar as relações firmadas no ambiente urbano, sobretudo, no âmbito do pensar o patrimônio, a moradia e a cidade. Soluções que inspirem transformações na forma, nos usos e promovam o compartilhamento de responsabilidades na salvaguarda e na conservação do patrimônio coletivo, para ajudar a conservá-lo. Serão discutidas iniciativas de reutilização do patrimônio edificado adaptando-o às necessidades contemporâneas, projetos de regeneração urbana em áreas protegidas, instrumentos econômicos para recuperação do patrimônio, desafios e soluções para a preservação do patrimônio Moderno, bem como ações de assistência técnica para a conservação do patrimônio habitado.