RJ sedia Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo e Congresso da ABEA
20ª edição do Conabea tem como principal objetivo apresentar novas diretrizes curriculares para o ensino da Arquitetura e Urbanismo no Brasil
13 de novembro de 2019 |
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A abertura do 37º Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo (Ense) e do 20º Congresso da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (Conabea), na terça-feira, 14 de novembro, foi marcada por homenagens à professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ Maria Amália Amaranto e ao arquiteto e urbanista Marcos Konder Netto. A cerimônia reuniu professores, coordenadores de cursos, estudantes e representantes das entidades nacionais de Arquitetura e Urbanismo no campus Tijuca da Universidade Veiga de Almeida. Os eventos seguem até o dia 15 de novembro.
Enquanto o Ense é dedicado à apresentação de trabalhos de boas práticas pedagógicas, além de troca de experiências no ensino, o Conabea tem como principal objetivo consolidar novas diretrizes curriculares para o ensino da Arquitetura e Urbanismo no país, que serão apresentadas ao Conselho Nacional de Educação. Ambos os eventos integram também hall das atividades preparatórias para o 27º Congresso Mundial de Arquitetos e Urbanistas (UIA2020RIO), que acontecerá em julho do próximo ano na capital fluminense.
Na abertura do congresso da ABEA, o presidente da entidade, arquiteto e urbanista João Carlos Correia, sinalizou um dos assuntos que pautará os debates dos próximos dias: a ampliação indiscriminada dos cursos de Arquitetura e Urbanismo no Brasil. “Vivemos um momento desafiador. Temos hoje quase 800 cursos de ensino superior na modalidade chamada presencial. Um absurdo de número”, criticou. A vice-presidente da ABEA, Ana Maria Monteiro, concordou com o colega e apresentou outros números que pioram o cenário: “Existem 40 ou 41 instituições de ensino habilitadas a oferecer cursos de Arquitetura e Urbanismo 100% online, das quais 18 estão em funcionamento, oferecendo quase 50 mil vagas”, afirmou. Para o presidente do IAB-RJ, Pedro da Luz Moreira, a massificação do ensino da Arquitetura e Urbanismo deve ser discutida de maneira profunda, uma vez que o Brasil, apesar de ser uma das maiores economias do mundo, é um país que não inclui um terço de sua população. “Precisamos massificar o ensino, mas de forma qualificada”, disse. Na ocasião, o presidente do CAU/RJ, Jeferson Salazar, sinalizou outro tema igualmente importante a ser discutido: a apresentação da Arquitetura e Urbanismo como ferramenta de transformação da sociedade. “Se no passado tivemos uma escola que nos preparava para prestar serviço a uma determinada classe social, hoje diversas escolas discutem a arquitetura para que e para quem. Precisamos avançar na discussão da habitação de interesse social. Vejo aí o futuro da nossa profissão”, defendeu.
O estudante do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) e diretor de Relações Externas da FeNEA Regional Leste, Renan Marques, aproveitou o espaço de fala para pedir o fim da romantização dos trabalhos exaustivos, que levam estudantes a virar noites trabalhando. “Trata-se de um assunto de extrema importância, que afeta a saúde metal dos alunos. Se o estudante tem a saúde mental abalada, assimilar o conhecimento é difícil”, alertou. Outra questão levantada pelo estudante foi a democratização do ensino superior e sua relação com o mercado de trabalho. O presidente do Sindicado dos Arquitetos e Urbanistas do Estado do Rio de Janeiro (Sarj), Rodrigo Bertamé, parabenizou a ABEA pelo evento, o qual definiu como um espaço de resistência. “Os dias que esse grupo vai ter aqui, discutindo educação, representa uma luta para manter o discurso da coletividade e a capacidade de organização coletiva da sociedade. A segregação espacial é uma questão que precisa ser discutida e temos também responsabilidade nesse debate. Vocês vão ensinar as próximas gerações de profissionais, que devem estar preparadas para esse desafio”, defendeu Bertamé.
Reverência à Maria Amália Amaranto e ao Marcos Konder Netto
Professora da maioria dos profissionais presentes no auditório do campus Tijuca da Universidade Veiga de Almeida na abertura do Ense e do Conabea, Maria Amália Amaranto foi uma das estrelas da noite. Professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, Maria Amália trabalhou no Departamento de Tecnologia da Construção por mais de 20 anos. Outro destaque foi o arquiteto e urbanista Marcos Konder Netto, que assistiu o documentário sobre sua vida e obra na primeira fila, ao lado de filhos e netos. Dirigido por Igor de Vetyemy e Gabriel Mellin, sócio fundador da produtora Rio Cinema Digital, a produção apresenta o caráter inovador das obras de Konder, sem deixar de reproduzir a simplicidade com que o arquiteto concebia seus projetos. O vídeo é resultado do livro recém-lançado “Caderno de projetos, reflexões e realizações do arquiteto Marcos Konder Netto”. Escrito por Vetyemy, a publicação tem o selo da Rio Books.