Rio de Janeiro sedia Fórum Internacional sobre Patrimônio Arquitetônico
23 de maio de 2018 |
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A abertura do 5º Fórum Internacional sobre Patrimônio Arquitetônico (Fipa) ocorreu na manhã desta quarta-feira, 23 de maio, no auditório Gilberto Gil, no Museu Histórico Nacional (MHN), Rio de Janeiro. Com o tema “Todos os mundos: reúso do patrimônio”, evento se desenvolvera em dois espaços: MHN e Paço Imperial, e faz parte das atividades preparatórias do 27º Congresso Mundial de Arquitetos – UIA2020RIO.
O início das atividades contou com as participações da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa; do representante do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e diretor do MHN, Paulo Knauss; da diretora do Museu Paço Imperial, Claudia Saldanha; do presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Nivaldo Andrade; do presidente do CAU/RJ, Jeferson Salazar; do presidente do CAU/SP, José Roberto Geraldine; do presidente do Comitê Executivo do UIA2020RIO, Sérgio Magalhães; além dos coordenadores gerais Brasil e Portugal do 5º FIPA: Maria Rita Amoroso e Aníbal Costa, respectivamente.
Desde a primeira edição, o evento fomenta o intercâmbio de conhecimento científico e de práticas de intervenção em “sítio”, além da gestão e promoção do patrimônio arquitetônico. Com objetivo principal de promover debates interdisciplinares e interinstitucionais entre instituições e entidades brasileiras e portuguesas, o Fipa passou a integrar também o calendário de atividades preparatórias do UIA2020RIO, maior e mais importante evento de arquitetura mundial, que será sediado na cidade do Rio de Janeiro em julho de 2020. “Ficamos contentes em ver como a ideia do Fipa, em sua quinta edição, prosperou e hoje dá força à preparação do 27º Congresso Mundial de Arquitetos. Neste momento, temos também o prazer de informar que a União Internacional de Arquitetos (UIA) aprovou a designação da cidade do Rio como Capital Mundial da Arquitetura, a ser concedido pela Unesco nas próximas semanas. Teremos, em 2020, não só o mais importante evento, que reunirá arquitetos e urbanistas de todo o mundo, mas a possibilidade, ao longo de todo o ano, de ampliarmos o diálogo entre arquitetura, academia e sociedade em geral em torno da melhora das nossas cidades”, afirmou Sérgio Magalhães.
O presidente do CAU/RJ destacou, na abertura, a importância da história para compreender o presente e projetar o futuro. De acordo com o Jeferson Salazar, o fórum ocorre em momento oportuno no Rio. “Realizamos na semana passada, no município de Maricá, a primeira edição regional do nosso Encontro com a Sociedade. Lá, tivemos a oportunidade de realizar visita técnica à comunidade tradicional de pescadores de Zacarias, instalada há mais de 200 anos numa área de restinga, que está ameaçada de remoção para construção de empreendimento de luxo, com campo de golfe, shopping, resort e condomínios. Iniciamos trabalho para tornar a rota de pesca da região em patrimônio imaterial a fim de preservar o local, a comunidade e esse importante patrimônio do estado do Rio de Janeiro e da cultura humana”, explicou Salazar.
Parceiro também da organização do 5º FIPA, o presidente do CAU/SP, José Roberto Geraldine, relatou algumas ações que o Conselho paulista desenvolve para promoção e preservação do patrimônio cultural de São Paulo. “Estamos empenhados em investir recursos do Conselho no campo do patrimônio, em especial no patrimônio arquitetônico, seja na produção de material ou na orientação profissional. O objetivo é sensibilizar órgãos públicos, entendendo que esse é um caminho que devemos valorizar cada vez mais”, defendeu Geraldine.
Criado em 2014, através de convênio entre IAB-Núcleo Campinas, Universidade de Aveiro e PUC-Campinas, o fórum agrega novas instituições a cada ano. Na abertura do 5º Fipa, a coordenadora geral do evento no Brasil, Maria Rita Amoroso, destacou o apoio essencial do CAU/RJ, do CAU/SP, do IAB e do Iphan à realização do fórum. A arquiteta ressaltou ainda o 5º Fipa como espaço de diálogo e de troca de informações relevantes de todo o mundo. “Ao longo desses três dias de evento, vamos discutir temas relevantes, sem perder de vista soluções encontradas em projetos contemporâneos, uma vez que tais intervenções, onde quer que ocorram, tem fomentado pesquisas e conhecimentos científicos”, afirmou.
Patrimônio brasileiro em risco
As dificuldades enfrentadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foram objeto de reflexão na abertura do 5º Fórum Internacional sobre Patrimônio Arquitetônico. Uma semana após o Governo Federal, através de medida provisória, cortar R$ 43 milhões do orçamento do Instituto, a presidente do Iphan, Kátia Bogéa, falou da responsabilidade do órgão, que possui 221 servidores em todo o país, na preservação de 600 mil imóveis tombados. O presidente do IAB, Nivaldo Andrade, acompanhou as críticas de Kátia. “Não podemos aceitar isso. O Iphan está sucateado. O concurso público lançado pelo Iphan, único edital do governo federal publicado este ano, está sendo ameaçado, visto que das 516 vagas abertas, 105 foram retiradas para bancar a intervenção militar na segurança pública do Rio de Janeiro. Não podemos aceitar isso”, defendeu Nivaldo.