Planejamento de transporte para a Região Metropolitana do Rio é tema de debate na sede do CAU/RJ
Consequências do uso e ocupação do solo sobre os transportes foi um dos destaques
24 de outubro de 2013 |
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“Esse diálogo está sendo feito na hora certa”, disse o coordenador do PDTU, engenheiro Newton Leão. Ele ressaltou que os estudos estão disponíveis na internet (Fernando Alvim / Divulgação CAU/RJ)
O planejamento de transporte para o Rio de Janeiro foi tema de um debate realizado na última quarta-feira (23/10), na sede do CAU/RJ, com a participação do Coordenador Técnico do Plano Diretor de Transportes Urbanos, o engenheiro da Secretaria Estadual de Transportes, Newton Leão e do arquiteto e urbanista Renzo Bernard, autor de diversos projetos viários na cidade do Rio de Janeiro.
O debate faz parte das atividades do Grupo de Mobilidade Urbana do CAU/RJ, coordenado pela arquiteta e urbanista Dayse Góis, mestre em planejamento urbano e regional e Conselheira Titular. Na abertura do debate, Dayse falou sobre a função e a programação de apresentações do GT, implementado para subsidiar a participação dos arquitetos e urbanistas no recém criado Conselho Municipal de Transportes (saiba mais). “A discussão sobre mobilidade urbana vai propiciar e nos conduzir com segurança nas reflexões sobre o futuro da cidade”, afirmou.
Foram apresentadas as metodologias e estratégias utilizadas pela Secretaria Estadual de Transportes na atualização do Plano Diretor de Transportes Urbanos, com o mapeamento das atuais condições, uso e operação dos modais da Região Metropolitana, além dos resultados de pesquisas de origem-destino e de horários de pico. Para isso, a Região Metropolitana foi dividida em 730 zonas de tráfego e foram feitas entrevistas com 257 mil motoristas e passageiros de ônibus, trem, metrô e barcas.
Segundo Newton, o trabalho é uma atualização do plano diretor feito no triênio 2003/2005. “Houve uma sucessão de tentativas de planejamento. O Rio de Janeiro sempre esteve na retaguarda em relação a outras regiões metropolitanas do Brasil. E o ponto fraco do nosso planejamento em transporte foi a não conversa entre setores. Portanto, esse diálogo está sendo feito na hora certa”, afirmou.
Relação entre uso e ocupação do solo e planejamento de transporte
O aumento da renda e o reaquecimento da economia no Rio de Janeiro impactaram a rede de transporte e refletiram em um aumento no uso do ônibus, modal que segue à frente dos demais como o mais utilizado pela população da Região Metropolitana do Rio. Os estudos também captaram uma antecipação no horário de pico pelas manhãs, com motoristas e passageiros acordando mais cedo para chegar ao seu destino.
Especialista em sistemas viários e autor dos projetos dos corredores Transoeste e Transolímpica; além dos túneis do Porto Maravilha e do novo sistema viário da Radial Oeste, o arquiteto e urbanista Renzo Bernardi falou sobre o desafio de expandir a rede de transportes em uma cidade com características geográficas específicas, como o Rio de Janeiro.
“Além disso, existem as áreas de preservação. Metrô, por exemplo, só consegue passar onde houver rua larga. Se não, pega parte da infraestrutura dos prédios. Onde houver metrô você não faz prédio grande nunca mais. Só se pode fazer onde houver vias principais que tenham capacidade de uso nas partes de domínio”, explicou.
A relação entre o uso e a ocupação do solo com a malha de transporte também foi destacada pelos debatedores e o público. “Não tem como separar uso do solo do transporte”, avaliou o Conselheiro Titular Fernando Alencar, que assistiu ao debate e mencionou o exemplo de reorganização urbana de Bogotá.
“Melhorar o acesso ao centro não é a melhor solução. Você tem que descentralizar a cidade e isso parte da ocupação do solo”, analisou Renzo, que destacou a necessidade de planejar o desenvolvimento de outros centros, desafogando a região central da cidade. “A criação de uma área de lazer como o Parque Madureira, por exemplo, gerou um grande impacto nos fins de semana. São pessoas que antes iriam para a Quinta da Boa Vista ou Aterro”, completou.
Os resultados e os estudos que basearam a atualizaram o Plano Diretor estão disponíveis no site da Secretaria Estadual de Transportes (Clique aqui).
- Arquiteto e urbanista Renzo Bernardi em debate no CAU (Fernando Alvim / Divulgação CAU/RJ)