Estudo da plataforma americana Strava, com mais de 95 milhões de utilizadores, apontou aumento do uso da bicicleta em diferentes locais do Brasil. Segundo os resultados da pesquisa, houve maior procura por este tipo de meio de transporte após o início da pandemia causada pelo coronavírus.
Sete municípios brasileiros foram analisados ao longo de 2021: Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília e Florianópolis. A cidade com maiore crescimento no uso de bicicleta foi Curitiba. A alta foi de aumento 31% na comparação com os dados de 2019. O Rio de Janeiro ficou em segundo lugar com crescimento de 25%, enquanto Porto Alegre obteve 24%, Belo Horizonte 20% e Florianópolis 16%.
Outro recente levantamento sobre mobilidade urbana foi o realizado pela coordenadoria Niterói de Bicicleta com o uso das câmeras de monitoramento do Centro de Controle Operacional da Nittrans. A pesquisa contabilizou o aumento no número de bicicletas nas principais vias dos bairros Centro, Ingá, São Lourenço, Fonseca e Piratininga em 2021. Os homens ainda são maioria entre os ciclistas niteroienses. Mas, em um ano, o percentual de mulheres pedalando na Avenida Marquês do Paraná e na Rua São Lourenço cresceu de 17% para 20% do total de ciclistas.
Na comparação com seis anos atrás, o crescimento das bicicletas em ciclovias como a da Avenida Amaral Peixoto, no Centro da cidade, chegou a 250%. Em 2015, passavam uma média de 73 bicicletas por hora na via. Ano passado, esse número teve um pico de 256.
Para a coordenadoria, a ampliação da malha cicloviária tem estimulado mais gente a se locomover na cidade pedalando. E a tendência é de aumento para os próximos anos, com a construção do sistema cicloviário da Região Oceânica, que prevê implantar 60 quilômetros de pistas exclusivas para bicicletas.
Para a coordenadora da Comissão de Política Urbana do CAU/RJ, Rose Compans, os dados são auspiciosos: “Eles revelam um grande potencial para adoção desta modalidade de transporte ativo por amplas camadas da população, de forma duradoura, para além do período pandêmico. Entretanto, para que isso de fato aconteça será preciso construir melhores condições para o exercício desta prática. A primeira delas é obviamente uma rede cicloviária, que ofereça percursos adequados, conforto e segurança. Isto inclui a ligação com outros modais, a instalação de bicicletários e – num país tropical como o nosso – vestiários, se desejarmos esta opção para o trajeto casa-trabalho.”
De acordo com a arquiteta e urbanista, a questão da segurança transcende o uso segregado e a qualidade da pavimentação, com a educação urbana sendo imprescindível. “Tanto por parte do ciclista – q deve respeitar as normas de trânsito e os pedestres -, quanto dos demais atores, sobretudo motoristas, que devem respeitar o ciclista e não invadir as ciclovias. Educação urbana requer orientação, através de campanhas publicitárias, e fiscalização, com o fortalecimento do aparato repressivo: câmeras de vigilância, guarda municipal, sistema de multas.”
Para a coordenadora é preciso que os estímulos em relação a meios de transportes mais sustentáveis, como a bicicleta e a caminhada, sejam ampliados para todo o território natural, visto que esse tema ainda avança a passos lentos no país. “É fundamental que os municípios invistam em políticas públicas que estimulem o transporte ativo. Este último reduz a emissão de gases poluentes, o número de veículos, a poluição sonora advinda destes, desafogando o transporte público, melhorando o trânsito e a qualidade de vida de uma forma geral.”
Matéria realizada com informações das matérias “Brasileiros estão se deslocando mais de bicicleta, diz estudo” do jornal Estadão e “Levantamento mostra aumento das bicicletas nas ruas de Niterói” do jornal O Globo.