Pacto pela Vida: e se fossem 104 arquitetos a morrer?
15 de setembro de 2017 |
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* Luiz Fernando Freitas
Neste momento, falar de participação em entidades da sociedade civil parece um anátema. Acreditar em vontade política parece uma grande aberração. Acreditamos que a ORGANIZAÇÃO da sociedade civil não se esgota, não se minimiza, nem se coaduna com o mal feito, mas determina que a TRANSPARÊNCIA se estabeleça como processo poderoso e essencial.
Há muitos anos, durante a Ditadura e após ela, tivemos o IAB-RJ como motivação e locus onde nossa vontade política buscou colaborar na construção da sociedade. Era o espaço onde a categoria ORGANIZADA buscava influenciar a condução do processo político, a urbanização e sua relação com as determinâncias do poder político em qualquer das esferas.
Hoje, no CAU/RJ, entendemos que é a retomada desses espaços democráticos que a organização dos arquitetos no Rio de Janeiro deve promover, enquanto desaguadouro das vontades políticas da categoria. E deve fazê-lo comprometida com a PARTICIPAÇÃO em todos os foros onde puder tratar das questões relativas à cidade – local de encontros e circuitos de RESPONSABILIDADE coletiva; à Arquitetura – espaços projetados para o abrigo e o bem viver do Homem e de suas relações íntimas e pessoais; e ao espaço público, local onde se encontra a arquitetura da cidade com maior ênfase coletiva.
A recuperação do território é nossa resposta ao PACTO PELA VIDA, chamamento da OAB/RJ, neste momento triste da sociedade carioca, onde temos que conviver com os assassinatos aos PMs, simplesmente por exercerem a profissão em primeiro lugar, e conviver com as mazelas de uma politica de segurança que não nos traz segurança alguma.
Alvissaras ao presidente da OAB/RJ, Felipe de Santa Cruz, que nos chama a todos da sociedade civil organizada a assumir o papel de articuladores de programas de transformação, elaborando-os como discurso e explicitando-os por meio de instrumentos adequados – legislação, projetos pontuais ou planos abrangentes, no sentido de corresponder com a afirmação de que “faremos que seja possível enfrentar de forma incisiva as carências e desigualdades urbanas”.[1]
Revendo compromissos anteriores “desejamos incorporar os esforços de todos os arquitetos urbanistas, em múltiplas aptidões e inserções profissionais, na defesa de um novo modo de construir as cidades brasileiras”.
São modos que, considerando a inadequação da parte legislação de segurança, permite-nos contribuir através de “uma multiplicidade de aspectos a considerar”[2], onde as entidades da sociedade civil deverão preocupar-se com a relação publico-privado, estabelecida pelos órgãos da esfera pública como saídas para o cumprimento de sua função de ordenar a sociedade aos novos caminhos com heróis vivos e não assassinados na cruenta guerra que nos aflige os dias que correm.
* Luiz Fernando de Almeida Freitas, arquiteto e urbanista, chefe de gabinete da presidência do CAU/RJ
[1] Nadia Somekh e Candido Malta Campos. In: A Cidade não pode parar (…)
[2] Luiz Paulo Conde, sobre os caminhos da Modernidade. In: convite para o lançamento do livro STA: Arquitetura e Urbanidade.