A Prefeitura do Rio pediu arquivamento do processo de licenciamento da construção do Autódromo Internacional do Rio, na Floresta do Camboatá, Zona Oeste da Capital. A desistência foi oficializada na sexta-feira, 29 de janeiro, em ofício encaminhado ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
Em agosto do ano passado, o CAU/RJ se manifestou contrário ao desmatamento da floresta para construção do novo autódromo do Rio de Janeiro ou qualquer outro empreendimento naquela localidade (clique aqui). Em novembro, voltou a se manifestar, dessa vez com outras entidades profissionais, em defesa da preservação da Floresta de Camboatá e em reconhecimento à postura dos técnicos responsáveis pelo Parecer Técnico de Preservação da Floresta perante a Comissão Estadual de Controle Ambiente (Ceca), da Secretaria Estadual do Ambiente e Sustentabilidade (Seas), que pediram estudos complementares à empresa designada para construir o equipamento automobilístico (clique aqui).
Para o vice-presidente do CAU/RJ, Lucas Faulhaber, toda e qualquer intervenção urbanística não deve prescindir de amplo debate com a sociedade e com técnicos nos fóruns adequados. “A Floresta do Camboatá é uma importante área de interesse ambiental para a cidade, a qual deve ser preservada. Além disso, o projeto do autódromo apresentava potencial significativo para se tornar mais um equipamento esportivo milionário e subutilizado. O Rio de Janeiro vive uma crise sanitária e financeira sem precedentes. Certamente há prioridades muito mais urgentes do que a construção de um autódromo internacional”, defendeu.
No documento encaminhado ao Inea, o secretário municipal de Meio Ambiente, Eduardo Cavaliere, destaca que a Floresta do Camboatá é um patrimônio ambiental da cidade do Rio, que exerce papel fundamental de conexão entre os maciços da Pedra Branca e do Mendanha, unidades protegidas por legislações estaduais e municipais.
A Floresta do Camboatá é o único fragmento bem preservado, acima de 100 hectares, de mata de terras baixas na cidade do Rio. A floresta refúgio de animais ameaçados de extinção, funciona ainda como reservatório de água, impedindo o alagamento do seu entorno, além de ator fundamental na amenização do clima da região, com influência em bairros vizinhos.
Com 160 hectares, a floresta abriga 146 espécies da flora, das quais 14 estão ameaçadas, além de 150 de pássaros e 19 de mamíferos. Em maio de 2019, a empresa Rio Motorpark venceu a licitação para a construção do autódromo no local, orçado em mais de R$ 697 milhões.