Edital de fomento à Assistência Técnica do CAU/RJ recebe nome de Demetre Anastassakis
16 de agosto de 2019 |
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O edital de Seleção Pública de Projetos de Apoio à Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social (Athis) ganhou um novo nome na quarta-feira, 14 de agosto. A partir de agora, o edital se chama Demetre Anastassakis, arquiteto e urbanista falecido no dia 27 de julho. “A Comissão de Athis decidiu prestar essa homenagem ao Demetre, que tanto fez pela arquitetura social no Rio de Janeiro e no país”, justificou a coordenadora da Comissão, Maíra Rocha.
Ela também apresentou as principais alterações desta segunda edição do edital. Este ano o valor máximo das propostas é de R$ 50 mil, mas os interessados podem se inscrever em mais de um dos quatro eixos do edital (produção habitacional autogestionária; melhorias habitacionais em assentamentos humanos, urbanos ou rurais; defesa e garantia do direito à moradia digna e à cidade; e desenvolvimento de ações estratégicas visando difundir, conscientizar e universalizar o direito à moradia e a assessoria técnica em habitação de interesse social).
Outra mudança é que, entre os critérios de avaliação dos projetos, serão consideradas as propostas que contribuam para a redução de desigualdades entre gêneros, raças, etnias e classes e melhoria da qualidade de vida nos ambientes urbanos e rurais. As inscrições vão até 2 de setembro. O edital completo pode ser acessado aqui.
Durante o evento também foram apresentados o inédito edital de parceria para produção de curtas-metragens sobre política urbana e o edital de patrocínio cultural, em sua sétima edição. A conselheira Luciana Ximenes, integrante da Comissão de Política Urbana ressaltou a importância dos curtas na formação crítica sobre a cidade, voltada para os calouros de arquitetura e urbanismo e para alunos de Ensino Médio. O edital está disponível aqui e recebe inscrições até o dia 2 de setembro.
Já o coordenador da Comissão de Patrocínio Cultural e vice-presidente do CAU/RJ, Lucas Franco, reforçou a dimensão cultural da arquitetura. “Acho que esse edital tem uma característica muito especial que é a de promover um encontro com a sociedade, seja na composição dos projetos, seja na parceria com as instituições sem fins lucrativos. Ouvimos o que a comunidade está pensando sobre arquitetura, recebemos propostas de iniciativas supercriativas que estão precisando de um incentivo para sair do papel”, avaliou.
Ele também explicou que, este ano, a comissão julgadora incluiu convidados externos: a produtora cultural Mariana Albinati e coordenador de relações internacionais da EAV Parque Lage, Giacomo Pirazzoli. “Com os convites, esperamos legitimar ainda mais o processo, tornando-o mais plural e transparente”, complementou Lucas Franco. Os interessados podem se inscrever até 3 de setembro. Mais informações aqui.
“Os patrocínios têm o objetivo de fomentar a participação do terceiro setor, de profissionais ligados à cultura, à assistência técnica e à discussão do direito à moradia e à cidade. Por meio de parcerias, o CAU consegue ir muito além do que poderia fazer isoladamente”, afirmou o presidente do CAU/RJ, Jeferson Salazar.
Importância das ações de fomento público
O evento de apresentação dos editais contou, ainda, com a presença de convidados que discutiram a importância das ações de fomento público. Participaram da mesa-redonda, mediada pelo conselheiro Lucas Faulhaber, o especialista em Planejamento Urbano e Regional, Humberto Kzure; a arquiteta e urbanista da Fundação Bento Rubião Sandra Kokudai; o coordenador de relações internacionais da EAV Parque Lage, Giacomo Pirazzoli e o cineasta e coordenador do festival Visões Periféricas, Marcio Blanco.
Sandra Kokudai lembrou de sua trajetória profissional ao lado de Demetre Anastassakis e afirmou que, dos anos 90 até agora, a pauta da Habitação de Interesse Social está mais presente. Para ela, a iniciativa do CAU de destinar 2% de seu orçamento para ações de Athis influenciou a discussão do tema no Brasil inteiro.
O coordenador do festival de cinema Visões Periféricas, Márcio Blanco, observou que os curtas-metragens têm ganhado importância econômica e cultural. Um exemplo é que a Ancine começou a aceitar, como prova de experiência, a realização de curtas. Além disso, a Lei dos Curtas, de 2013, prevê duas horas de exibição de filmes na grade curricular das escolas públicas. O formato é adequado à utilização em sala, considerando a duração das aulas.
Blanco também trouxe dados da Ancine que mostram a baixa participação de mulheres e negros nos filmes que receberam incentivo. Em 2016, eram apenas 2% dos realizadores. “Em 2018, a Ancine adotou novos critérios para tornar a seleção mais inclusiva, mas o percentual de produtores negros subiu para apenas 3,67%, mostrando que existe um gargalo anterior à etapa de seleção”. Esta percepção foi um dos motivos que levaram à criação do festival Visões Periféricas.
Para Humberto Kzure, “os editais do CAU/RJ promovem a construção de novas ideias centradas em reflexões transformadoras”. Ele destacou, ainda, que vê a cultura além do entretenimento, pela perspectiva do desenvolvimento social e econômico. Giacomo Pirazzoli fez referência ao 27º Congresso Mundial de Arquitetos, que acontece no Rio de Janeiro no próximo ano, como uma oportunidade de mostrar para o mundo o trabalho desenvolvido pelos arquitetos e urbanistas, tanto na área de Athis, como nos projetos culturais. Ao desenvolver os projetos que concorrerão aos editais, os participantes devem ter o Congresso em vista.