Onze anos depois do Seminário Discurso Reverso, realizado pelo IAB-Leste Metropolitano e o escritório Oficina de Arquitetos, arquitetos e urbanistas tiveram a oportunidade de refletir sobre o que mudou na cidade de Niterói e na forma de pensar a arquitetura. Com debates e o lançamento do documentário Reverso, o encontro “Discurso Reverso: reflexões sobre arquitetura e cidade”, patrocinado pelo CAU/RJ, aconteceu nessa terça-feira (10), na UFF.
“Temos o desafio de mostrar o papel dos arquitetos e urbanistas para a população. Nesse sentido, o Programa CAU/RJ de Patrocínio Cultural é muito importante. Já nem acreditava que todo esse material do seminário, com 22 horas de gravação, ainda pudesse ser utilizado”, afirmou o Diretor Técnico do CAU/RJ, Augusto Cesar Alves, durante a abertura do evento. Para ele, projetos como esse possibilitam ampliar as discussões sobre a cidade para além do círculo dos arquitetos e urbanistas.
O Sócio Fundador da Oficina de Arquitetos Gustavo Martins destacou a importância da preservação da memória para a construção de percepções atuais e futuras sobre cidades. “Fizemos o seminário há 11 anos, e as discussões continuam as mesmas. É triste ver que alguns cenários tendenciosos prevaleceram”. O Conselheiro do CAU/RJ e do IAB Carlos Alberto Peres Krykhtine e o representante do IAB Leste Metropolitano Valério da Silva Oliveira Junior também integraram a mesa.
O documentário Reverso resgatou trechos do seminário sobre Niterói, Arquitetura e Urbanismo e Ensino de 2004, que contou com a presença do arquiteto português Álvaro Siza, além de outros nomes da Arquitetura e Urbanismo fluminense e paulista e estudantes, que se dedicaram a temas como mobilidade, patrimônio, habitação, sustentabilidade, reconexão e transformação da cidade.
Após a exibição, os professores da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFF Ronaldo Brilhante e Tereza Carvalho conduziram os debates. “O filme traz um resgate da memória conceitual da arquitetura. Cultivar a memória exige trabalho, mas é necessário. Não quero viver em uma cidade do futuro que não tem passado”, afirmou Tereza Carvalho. Ela também destacou a necessidade de cidades vivas, com espaço para trocas sociais e respeito aos pedestres.
Já Ronaldo Brilhante demonstrou incômodo com a persistência dos problemas urbanos. “É desconfortável ver como o que nós criticávamos continua existindo de forma muito mais devastadora. Precisamos analisar o desgaste de nossos discursos e criar espaços de atuação mais construtivos para a sociedade”, analisou.
Programa CAU/RJ de Patrocínio Cultural
Desde 2013, o CAU/RJ lança editais, anualmente, com o objetivo de patrocinar ações que valorizem a profissão do arquiteto e urbanista. Este ano, foram destinados R$ 250 mil a projetos de eventos, cursos, publicações, premiações e produções culturais diversas. No primeiro edital de 2015, seis projetos foram contemplados. O resultado do segundo edital será divulgado no dia 7 de dezembro.
Texto: CAU/RJ