Conferência CAU/RJ de Arquitetos e Urbanistas: participação social em foco
1 de novembro de 2013 |
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Participação e compromisso social dos arquitetos foram tema da mesa Arquitetura e Sociedade
(Fernando Alvim / Divulgação CAU/RJ)
A necessidade de maior participação social nas intervenções governamentais no espaço público e o clamor pelo cumprimento estrito da legislação, por parte dos operadores das normas urbanísticas, foram temas abordados na mesa “Arquitetura e Sociedade” da Conferência CAU/RJ de Arquitetos e Urbanistas, nesta sexta-feira (1º/11), na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro – Firjan, no Centro do Rio.
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Paulo Saad, conselheiro federal do CAU/RJ e moderador da sessão, lembrou a todos que os arquitetos têm a legislação ambiental e urbanística como um instrumento de trabalho, razão pela qual descumpri-la é hoje considerado como infração ética. “Hoje já não é possível a um arquiteto ou urbanista justificar equívocos em seu trabalho sob o argumento de que cumpriu o desejo do cliente. Cada vez mais, somos cobrados por nossa função social, e ela passa efetivamente pela observância da legislação”, disse Saad.
A diretora da Federação das Associações de Moradores do Município do Rio de Janeiro (FAM-Rio), Regina Chiaradia, elogiou o fato de o CAU/RJ ter aberto um efetivo espaço de diálogo com representantes de várias comunidades que atualmente têm pouca ou nenhuma voz — sobretudo as associações de moradores da Zona Oeste da cidade do Rio. “Os arquitetos podem ser os intermediadores técnicos das demandas das pessoas dessas regiões, que muitas vezes não dominam os termos da discussão, mas conhecem bem os problemas do lugar onde moram e têm sugestões efetivas para resolvê-los”, frisou Regina.
Chiaradia disse ainda que espera, a partir de agora, manter o diálogo com o CAU/RJ. E, entre os pleitos das associações de moradores resultantes das recentes conferências em torno de problemas do Rio de Janeiro, ela destacou a possibilidade de a entidade intrumentalizar de alguma maneira os chamados “arquitetos comunitários”, ou seja, os que constroem barracos nas comunidades carentes. Por fim, ressaltou a importância de a população ser ouvida toda vez que ocorra uma intervenção urbana.
Finalizou os trabalhos da mesa o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (Deptº. Rio de Janeiro), Daniel Mendes, que citou as manifestações ocorridas em junho deste ano pelo país como algo inserido no contexto do direito à cidade, na medida em que esta é o ponto de convergência da expressão da vontade popular. Ele criticou o fato de o Poder Público muitas vezes ignorar os pactos estabelecidos com a sociedade, assim como o alto custo das obras públicas brasileiras.
“Os custos das obras ligadas à infraestrutura de transportes, por exemplo, são 28% mais caros do que o inicialmente previsto. No caso dos transportes sobre trilhos, o percentual alcança 45%”, afirmou Mendes, após citar alguns problemas específicos ligados à cidade de Niterói e dizer que o CAU/RJ pode e deve manifestar-se com relação ao valor das empreitadas públicas.