O projeto “Saneamento Social” prevê implantação de novo modelo de tratamento de esgoto de baixa complexidade nas comunidades vulneráveis do Rio de Janeiro para conter o coronavírus. A ação é uma iniciativa da arquiteta e urbanista Andrea Borges, elaborada em parceira com a GERAR e a CSANEO.
A ideia é construir e instalar um modelo de tratamento de esgoto com biodigestores, ou seja, equipamentos que possibilitam o reaproveitamento dos restos de alimentos e fezes para gerar gás e adubo. O sistema já foi adotado, com sucesso, em comunidades ribeirinhas na Amazônia e pode ser facilmente replicado, com, no máximo, dois trabalhadores para cada três casas, evitando aglomerações.
A iniciativa surgiu após uma nota técnica publicada pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, no final de março. O documento tratava da possibilidade de contaminação da Covid-19 a partir do esgoto sanitário, por meio das fezes. Assim, a arquiteta e urbanista foi idealizando o projeto de rápida implementação e sem grandes mobilizações de obra.
Nesse primeiro momento, o sistema será instalado em duas comunidades selecionadas, a partir das maiores demandas identificadas em mapeamento, a Serra da Misericórdia e o Complexo da Maré. “Em apenas 15 dias, conseguiríamos levar saneamento para mil pessoas ou até mais, dependendo do financiamento. Estamos buscando investimento junto a fundos financeiros de impacto social, empresas e também o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro e do Governo do Estado”, afirma Andrea.
A idealizadora do projeto conta, ainda, que o modelo é mais eficiente não apenas em termos de sustentabilidade, mas também no âmbito social e econômico. A maneira tradicional de se construir um sistema de saneamento depende de uma grande contratação de empreiteiras e um enorme investimento em dinheiro.
De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, apenas 50% do esgoto é coletado e tratado de maneira adequada no país. Isso significa que 35 milhões de brasileiros não possuem água tratada e de qualidade, recurso e direito básico a qualquer ser humano. Já nas comunidades cariocas, onde vivem cerca de 1,4 milhão de pessoas, 12% das casas não possuem saneamento básico adequado. O cenário, já tão complicado, se agrava ainda mais frente à pandemia do coronavírus.
*Com informações da Revista Casa & Jardim