A plataforma expositiva Comunidades & Bens Comuns convida a todos para a primeira ação prática do projeto Cidade Água: o plantio de uma muda de Ipê Amarelo, que vai acontecer às 14h do dia 21 de setembro, Dia da Árvore e início da primavera, na Escola Municipal Luiz Paulo Horta, na Rocinha, Rio de Janeiro.
O público-alvo são crianças (estudantes de 6 a 12 anos), professores, moradores, colaboradores e apoiadores do projeto. No dia será feita primeira ação com as crianças, envolvendo sonhos, desejos e imaginação, ao mesmo tempo em que uma pequena equipe prepara o local do plantio. Em seguida, ocorrerá o plantio da muda com a participação de todos. Toda a ação acontecerá como uma cerimônia alegre, respeitosa, colaborativa e saudável.
O plantio do Ipê Amarelo, cuja a flor é o símbolo nacional (oficialmente decretada em 27 de junho de 1961), tem como o objetivo a criação de uma contra narrativa que coloca uma favela brasileira, a Rocinha, como centro irradiante da transformação do mundo, originando de seus valores mais profundos de comunidade. O coordenador do projeto Comunidades e Bens Comuns no Brasil, o arquiteto e urbanista Guto Santos reforça a importância da ação: “É um ato muito significativo ter o símbolo dessa nova rede de cidades globais presente em uma área socialmente periférica e marginalizada como as favelas dentro da primeira Capital Mundial da Arquitetura.”
Este ano, o Ipê Amarelo tornou-se também símbolo da integração entre as cidades do mundo a partir de novos paradigmas, que trazem como pilares fundamentais a diversidade e a sustentabilidade. A iniciativa teve como partida o Rio de Janeiro, cidade escolhida como primeira Capital Mundial da Arquitetura, chancela esta concedida pela UNESCO e a União Internacional de Arquitetos (UIA), e que chega a Copenhagen, na Dinamarca, e aos poucos conquista todo o planeta.
O projeto Comunidades e Bens Comuns
O projeto local COMUNIDADES & BENS COMUNS no Brasil, criado pelo Comitê de Arquitetura da Fundação de Arte Dinamarquesa, começa com um forte olhar para ações existentes em espaços urbanos densos, e muitas vezes carentes de recursos básicos – como fornecimento de água potável e coleta de resíduos –, porém abundantes em soluções exemplares que impulsionam o fluxo da vida a partir da coletividade e da resiliência.
Entendemos a relevância de expor as boas soluções e práticas existentes, assim como a importância de facilitar conexões que possam ampliar algumas dessas ações, ou que possibilitem novos projetos e ações.
Para isso, além de convidar atores locais que participam de ações nos bairros escolhidos, foram convidados especialistas de diversas áreas de conhecimento – arquitetos e urbanistas, antropólogos, sociólogos, historiadores, artistas e engenheiros – para diálogos e intercâmbios sobre novas práticas, estratégias, projetos e ferramentas.
O projeto conta com a participação de acadêmicos, de técnicos das diferentes esferas do poder público, além de atores da iniciativa privada e do terceiro setor. Essa rede de interlocução transdisciplinar visa a auxiliar na sistematização dos processos.
Espera-se que as conexões e as trocas de experiências e saberes estimulem novas iniciativas socialmente construtivas, e que estas, por sua vez, tenham a possibilidade de se tornarem objetos de registro abertamente disponibilizados, ampliando tanto o acervo quanto as possibilidades de mais conexões e iniciativas.
A versão brasileira do projeto Commons & Communities traz como eixo central a cidade. Cidade como plataforma para o desenvolvimento possível de comunidades e de seus bens comuns. Cidade não apenas como território geopolítico de dimensões públicas e privadas, mas como um corpo coletivo, uma manifestação concreta das dinâmicas harmônicas ou desarmônicas das comunidades coabitantes.
Esse eixo central se desdobra em três conceitos associativos:
Cidade Água;
Cidade Comida;
Cidade Bem Viver.
Água como elemento primordial da vida. Comida como base nutricional para o desenvolvimento biológico e como elo entre a comunidade e os bens comuns. Por ser o objeto do plantio, cultivo, colheita, armazenagem, preparo, ingestão e descarte. Além de objeto potencial da guarda das tradições culturais de uma comunidade. Bem viver (um conceito ancestral dos povos originários americanos, de origem pré-colombina) como possibilidade de estruturação de comunidades equânimes, dignas, saudáveis e felizes. Que preservam suas tradições culturais e seus recursos primordiais.
Mais informações sobre a plataforma Comunidades e Bens Comuns podem ser encontradas através do site: https://www.commonities.org/br/