Campos dos Goytacazes agora conta com sede temporária do CAU/RJ. O espaço foi inaugurado na terça-feira, 4 de abril, em evento que reuniu arquitetos e urbanistas, estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da cidade, além de autoridades públicas.
O presidente do CAU/RJ, Pablo Benetti, destacou que a decisão de abrir o escritório em Campos tem como objetivo aproximar o Conselho dos profissionais e da sociedade. “A ideia é fazer um teste de três meses e fazer uma avaliação. A manutenção deste espaço agora depende de vocês (profissionais da cidade e região). Já tivemos uma experiência em Niterói, mas não funcionou bem. Não houve retorno da própria classe. Esperamos que aqui em Campos a coisa funcione”, defendeu. Benetti destacou ainda duas pessoas fundamentais para levar a Campos o escritório do CAU/RJ: Tayane Yãnez, coordenadora da Comissão Temporária do Interior, e Gustavo Manhães, ex-conselheiro e integrante da Comissão Temporária do Interior.
O escritório do CAU/RJ em Campos está localizado na rua Voluntários da Pátria, 514, sala 207, Pelinca. O horário de atendimento ao público é das 9h às 17h, com exceções para segunda-feira, quando o serviço é prestado das 14h às 17h, e para sexta-feira, das 9h às 13h. O Conselho ocupa um espaço do Trinity Coworking e conta com recepção e sala de reunião.
O novo espaço do Conselho no Norte Fluminense é uma ação do CAU/RJ Presente. Iniciativa piloto, que pretende descentralizar as ações do Conselho, aproximando a autarquia, cada vez mais, dos profissionais e da sociedade do interior do estado. Além do atendimento presencial, as ações de fiscalização serão intensificadas na região. Nesta primeira semana de funcionamento, os fiscais atuaram nas cidades de São João da Barra e Cardoso Moreira, com apuração de denúncias e realização de ações de rotina.
“Em Rio das Ostras, existiam críticas de que o CAU/RJ não estava próximo do interior. Quando me candidatei a conselheira falei: vou lá para trazer o CAU para cá. Os profissionais do interior precisam desse olhar. O Conselho ter uma perna no interior é fundamental. Campos não poderia deixar de ser a primeira a receber um escritório da autarquia, seja pelo tamanho, assim como pela importância no interior do estado”, explicou Tayane.
Gustavo Manhães lembrou que inaugurar um escritório do Conselho em Campos é uma luta desde a criação do CAU/RJ. “Fui inspetor técnico do CREA-RJ e sempre estive envolvido nas questões da profissão. Apesar de o Conselho ser bem tecnológico, acredito no olho no olho. A experiência que o Pablo falou, que não teve êxito, com sede em Niterói, a gente acredita que se dá pela proximidade com o Rio. Essa é a primeira experiência fora da Região Metropolitana. Campos está a quatro horas de viagem do Rio de Janeiro. Se for de ônibus, são até seis horas. Imagine ter que resolver qualquer problema presencialmente. Apesar de a tecnologia encurtar distâncias, ainda há coisas do dia a dia que o atendimento presencial é necessário”, defendeu Manhães.
Em 2016, o CAU/RJ abriu o primeiro posto de atendimento fora da capital. O escritório estava localizado em Niterói e atendia aos profissionais da região Leste Metropolitana, em especial das cidades de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá. O espaço foi fechado próximo a completar um ano de funcionamento porque o número de atendimentos era baixo.
Patrimônio de Campos dos Goytacazes
A inauguração do escritório do CAU/RJ contou com roda de conversa sobre patrimônio em Campos dos Goytacazes. Participaram da atividade a vice-presidente do CAU/RJ, Noemia Barradas, o secretário de Urbanismo de Campos, Cláudio Valadares, a arquiteta e urbanista Lu Santana e Antônio Carlos Barriel, representante do Instituto Histórico e Geográfico de Campos dos Goytacazes. A mediação foi de Geovani Laurindo, do INEPAC.
Ao abri a conversa, Geovani lembrou do grande acervo da arquitetura eclética que a cidade detém, assim como dos bens materiais, imateriais e ambiental. Nesse contexto, Lu Santana relatou a experiência da exposição que montou sobre o patrimônio histórico de Campos. “A mostra chamou não apenas a atenção dos arquitetos e urbanistas, mas do público em geral. Nessa exposição utilizamos textos pequenos e de fácil entendimento”, relembrou.
Após apresentação do patrimônio histórico da cidade por Lu Santana, Antônio Carlos fez um pedido de ajuda e deu as boas-vindas ao CAU/RJ na cidade. Segundo o arquiteto, a cidade sofre um colapso quando se trata das edificações de relevância histórica e arquitetônica. “A falta de cuidado desrespeita o valor de alguns locais. Essa luta que travamos aqui quase não encontra eco. Não temos uma coisa importante que é a sensação de pertencimento”, lamentou Antônio Carlos.
A vice-presidente do CAU/RJ lembrou que o Conselho esteve em 2022 em Campos, com o evento CAU na sua Cidade, e destacou que a cidade detém percentual significativo de patrimônio. “A cidade de Campos é bastante antiga. Apesar de completar 188 anos de fundação em 2023, a primeira referência que temos da cidade é de 1635, que é a Casa de Câmara e Cadeia. Ou seja, bastante antiga. Quanto era importante a cidade de Campos em questão geográfica e de ciclos econômicos?”, questionou. Noemia lembrou ainda que a cidade é uma das poucas do país que tem a manifestação da cavalhada. “Campos carrega uma tradição e memória extremamente importante”, completou. A arquiteta e urbanista defendeu também que a discussão do patrimônio da cidade deve estar no dia a dia da população e nos vários níveis de ensino. “As crianças têm que entender esse processo de formação e desenvolvimento de Campos, assim como esse processo deve dialogar com a construção da cidade de hoje e amanhã”, afirmou.
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