CAU/RJ e CREA-RJ divulgam nota conjunta sobre incêndio do Museu Nacional
Um dos principais polos da memória e do desenvolvimento científico do país foi consumido pelas chamas na noite de domingo, 2 de setembro
3 de setembro de 2018 |
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Bombeiros apagam pontos de fogo no Museu Nacional após incêndio. (crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil)
Os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo e de Engenharia e Agronomia do Estado do Rio de Janeiro, CAU/RJ e CREA-RJ, vêm manifestar publicamente seu apoio e solidariedade à comunidade universitária da UFRJ e à sociedade brasileira pela tragédia que abalou a cultura, a ciência, a história e o patrimônio brasileiros com o incêndio do Museu Nacional neste domingo, 2 de setembro.
Criado por D. João VI há exatos 200 anos, o Museu Nacional contava com mais de 20 milhões de itens catalogados, sendo ao mesmo tempo a mais antiga instituição científica brasileira, o museu mais antigo do país e, até o incêndio, era um dos mais importantes centros de pesquisa da América Latina. Apesar disso, há muito tempo padecia com a falta de investimentos públicos em segurança e prevenção contra
incêndios, manutenção e restauro, sendo, portanto, uma tragédia anunciada e o prejuízo imensurável!
No seu acervo constavam a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Dom Pedro I; o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, batizado de “Luzia”, com cerca de 11 mil anos; um diário da Imperatriz Leopoldina; o maior e mais importante acervo indígena e uma das bibliotecas de antropologia mais ricas do país; entre outros.
Cada centavo retirado do orçamento do ensino, e, em particular, das Universidades públicas, contribuiu para que milênios de história, acervos, coleções, exemplares raros e/ou únicos e parte importante da nossa memória virassem cinzas; das inúmeras pesquisas que se perderam; além da destruição próprio edifício, uma construção de 200 anos em estilo neoclássico.
Desta forma, também não podemos deixar de registrar nosso repúdio à política orçamentária brasileira, que prioriza o pagamento de juros extorsivos, mas impõe limite ao investimento público em saúde, educação e políticas de inclusão social. Lamentavelmente, o Museu Nacional é a mais nova vítima da falta de compromisso com o patrimônio cultural, científico e imaterial brasileiros.