Após o rompimento da barragem em Brumadinho, Minas Gerais, familiares das vítimas se uniram para prestar uma homenagem aos 272 mortos e desaparecidos no crime ambiental. O Memorial Brumadinho, que teve processo de seleção para escolha do projeto, será realizado pelo escritório GPA&A, do arquiteto e urbanista Gustavo Penna.
A proposta visa homenagear as vítimas através de um novo espaço de acolhimento e convívio comunitário. O local, de cerca de 1.220 metros quadrados, foi adquirido pela Vale, que também está encarregada de viabilizar a construção.
O projeto foi pensado de forma a gerar uma reflexão sobre a memória e dor que o trágico evento deixou na comunidade e terá 272 ipês-amarelos plantados como sinal de respeito e lembrança a cada uma das vidas perdidas. Todo dia 25 de janeiro, exatamente às 12h28 – data e horário precisos do rompimento -, um facho de luz irá cortar o ar e iluminar uma drusa de cristais, materializando a luz ausente naquele dia fatídico.
“A nossa tarefa face à realidade da dor das famílias nos coloca em uma posição de profunda humildade. A voz, a única voz, é a das testemunhas. A narrativa pertence a quem não pode mais falar e àqueles que ficaram no pesar. Não há consolo que possa ser materializado nessas circunstâncias. Resistimos ao apagamento do tempo e da história”, diz Gustavo Penna.
O projeto foi selecionado com o apoio técnico da arquiteta e urbanista Jurema de Sousa Machado, ex-presidente do IPHAN, e do museólogo Marcelo Mattos Araújo, ex-presidente do Ibram.
O rompimento da barragem de Brumadinho ocorreu no dia 25 de janeiro de 2019 e foi um dos maiores desastres ambientes da mineração do país, depois do rompimento de barragem em Mariana. A barragem, que era administrada pela Vale, se rompeu por liquefação, ou seja, perda de resistência e comportamento frágil pelos materiais que compunham a estrutura, segundo estudo contratado pela empresa. O desastre deixou 259 mortos e 11 desaparecidos.