Dados do II Censo dos Arquitetos e Urbanistas do Brasil apontam que a atividade de Arquitetura de Interior é a que mais gera trabalho aos profissionais no estado do Rio de Janeiro. De acordo com o estudo, 56% dos arquitetura e urbanistas atuam na área.
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As outras atividades mais desempenhadas pelos arquitetos e urbanistas fluminenses são Arquitetura e Urbanismo (execução) e Arquitetura e Urbanismo (concepção), desenvolvidas por 42% e 38%, respectivamente, dos profissionais do estado. Em todo o país, a atividade de Arquitetura de Interiores aumentou de forma significativa em comparação ao censo de 2012 e se apresenta como a que mais gera serviços aos profissionais. Atualmente, 62% dos arquitetos e urbanistas atuam na área. O censo ouviu 41.879 profissionais, dos quais 3.345 são do Rio de Janeiro.
Para o coordenador da Comissão de Exercício Profissional (CEP) do CAU/RJ, Rodrigo Bertamé, a atividade de Arquitetura de Interior abraça, majoritariamente, os profissionais autônomos. “Temos aqui indicativo forte de que lidamos com escritórios de pequeno porte ou individuais, que têm como principal clientela o cidadão que sonha com as pequenas reformas”, afirmou. É o caso da arquiteta e urbanista Ana Carolina Gomes. Profissional autônoma, cuja atuação se concentra mais na atividade de interiores, apesar de também atuar com projetos e obras. “Existe uma questão cultural. A atividade de Arquitetura de Interiores é a mais acessível para os profissionais, principalmente para os recém-formados, que saem muito cru da faculdade. Outras atividades com a de estrutura e de estudos solares, por exemplo, requerem mais experiência. O setor de obras é muito fechado. Então, o arquiteto e urbanista vai para a área de interiores, que tem muita clientela, mas é bastante competitiva”, explicou Ana. Ainda segundo a arquiteta, a competitividade na área de Arquitetura de Interiores provoca, infelizmente, a desvalorização da atividade através da depreciação dos valores praticados pelo mercado.
Bertamé defende um olhar mais atento aos profissionais autônomos ou pequenos escritórios, principalmente ao ser pensar em políticas, por parte do Conselho, que ajudem a fomentar o setor da Arquitetura e Urbanismo, além de respaldo aos profissionais. “Precisamos trabalhar, constantemente, no diálogo com outras categorias profissionais que têm atuação de afinidade ou complementar, incentivar campanhas de valorização, incentivar a democratização deste campo e mostrar que a arquitetura de interiores não é algo exclusivo para aqueles mais abastados, que têm dinheiro para reformas, entre outros”, argumentou o coordenador da CEP. De acordo com o arquiteto, o Conselho deve desenhar uma política que não valorize apenas os profissionais dos grandes projetos e obras cívicas, mas sim fomentar a criação de uma rede de valor dos arquitetos e urbanistas que atuam no cotidiano.
As respostas do II Censo foram dadas por meio dos acessos pessoais dos profissionais ao Sistema de Informação e Comunicação do CAU (SICCAU). O levantamento foi conduzido pelo CAU Brasil e seus resultados foram tabulados pelo Instituto DataFolha. A forma de consulta pública dos dados é inovadora em relação ao censo anterior, pois foi desenvolvida uma nova plataforma. Um painel visual (“dashboard”) interativo centraliza os resultados e permite cruzar as informações da base de dados de acordo com o interesse de quem fizer a pesquisa. Clique aqui para acessá-lo.