Arquitetos e urbanistas discutem a infraestrutura urbana da Região Metropolitana do RJ
30 de janeiro de 2014 |
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Arquitetos e urbanistas se reuniram no CAU/RJ para discutir questões relacionadas à Região Metropolitana (Fernando Alvim/Divulgação CAU/RJ)
Críticas ao modelo atual de organização e às ações implantadas sem o devido planejamento marcaram a discussão de arquitetos e urbanistas sobre os desafios para a integração da Região Metropolitana e políticas públicas dedicadas à infraestrutura, no debate “Perspectivas para o Espaço Metropolitano”, realizado na sede do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro – CAU/RJ, no dia 30 de janeiro. “O que a gente tem verificado são ações intervencionistas e uma setorialização excessiva da região, sem o devido cuidado com o planejamento urbano”, disse Sydnei Menezes, presidente do Conselho. O debate, mediado pelo professor Hélio Brasil, contou com palestras de Vicente Loureiro e Waldir Garcia, profissionais especializados no tema, além da participação do presidente do Departamento Rio de Janeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB/RJ, Pedro da Luz.
Ex-presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (Fundrem), Waldir Garcia acredita que um plano metropolitano não se faz em um governo só, e precisa da colaboração da sociedade intelectual, presente nas entidades e instituições relacionadas ao urbanismo, para resolver os problemas estruturais. “O planejamento metropolitano é cada vez mais vital, mas está longe de ser uma realidade”, avaliou.
Waldir também fez críticas aos programas habitacionais voltados para a população de baixa renda, por não incluírem em seu projeto uma infraestrutura urbana no entorno. “Não são exigidas contrapartidas como a construção de escolas, hospitais etc. Escolhe-se o terreno e os conjuntos são construídos sem o devido planejamento”.

Vicente Loureiro destacou a importância de repensar as centralidades do espaço urbano (Fernando Alvim/Divulgação CAU/RJ)
Para Vicente Loureiro, subsecretário estadual de Urbanismo Regional e Metropolitano, a municipalização da Avenida Brasil e da Linha Vermelha foi um equívoco: “os responsáveis não têm a dimensão do papel regional e metropolitano que esses corredores ganharam ao longo dos anos”.
Vicente enumerou estratégias propostas pelo governo para reorganizar a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Entre elas, o acompanhamento dos impactos das obras estruturantes, em áreas como o Arco Metropolitano, o Complexo Petroquímico e o Porto de Itaguaí. Ele destacou ainda a importância de repensar as centralidades, revertendo a excessiva polaridade da capital. Só vamos conseguir equacionar este desequilíbrio administrativo com uma governança efetiva para a Região Metropolitana”, concluiu.
Veja aqui a apresentação de Vicente Loureiro – “Região Metropolitana: ações para o presente”.

Ex-presidente da Fundrem, Waldir Garcia traçou um histórico das ações governamentais para a região (Fernando Alvim/Divulgação CAU/RJ)
Encerrando as apresentações, Pedro da Luz ressaltou a dificuldade dos municípios em garantirem a infraestrutura urbana básica, como por exemplo o saneamento. Ele mencionou ainda a degradação da rede férrea e o mau estado de conservação das áreas no entorno das estações. “Temos uma rede que, no passado, transportou 1,2 milhão de pessoas, e hoje transporta apenas 600 mil”, completou.
A ideia é que outros eventos do tipo sejam realizados ao longo do ano. Segundo Hélio Brasil, ao realizar encontros desse tipo, o CAU/RJ busca estar em sintonia com a categoria. “É uma forma de tratar de assuntos pertinentes ao estado do Rio de Janeiro”. “A valorização profissional passa por promover discussões como essa”, concorda Sydnei Menezes.