A arquiteta e urbanista Maria Tereza Zucoloto, 29 anos, foi contratada para legalizar e finalizar reforma de residência unifamiliar no município de Natividade, distante 333 km da capital fluminense. O serviço foi demandado após ação de fiscalização do CAU/RJ, em novembro do ano passado, que foi apurar denúncia de execução de obra sem responsável técnico.
Em 2015, pesquisa CAU/BR-Datafolha apontou que 85,40% dos entrevistados (2.419 pessoas em todo o país) construíram ou reformaram por conta própria. Vários fatores contribuíram para esse cenário, um é a percepção distorcida do custo do trabalho do arquiteto em relação ao valor total da obra. A maioria dos participantes acreditavam que o serviço do arquiteto custava algo entre 20% e 40% do valor da obra. O valor do projeto custa, em média, 10%. Clique aqui para acessar a pesquisa.
A autoconstrução, além de ilegal e expor as pessoas a riscos, encarece os custos da obra. Pedreiros ou mestre de obras costumam fazer de tudo um pouco e, não raro, o serviço precisa ser refeito, gerando novos gastos e extrapolando o cronograma. Sem planejamento adequado, a mensuração dos materiais necessários sai errada, ocasionando desperdício. “Infelizmente, as pessoas acreditam ainda que os serviços de arquiteto e urbanista são artigo de luxo. Contratam pedreiros de confiança, que não conseguem resolver os problemas. Depois, somos chamados para encontrar soluções”, explicou Maria Tereza.
De acordo com a arquiteta, a atuação do CAU/RJ é importante por promover e divulgar a profissão, além de contribuir para a conscientização da população sobre a importância de reformar e construir com a assistência de profissionais habilitados. “A fiscalização do CAU/RJ foi excelente. A proprietária não imaginava que precisava de um profissional habilitado para fazer reformas internas. Com a visita do Conselho, ela se conscientizou e me contratou para legalizar e finalizar a obra”, afirmou Maria Tereza, que foi contratada também para projetar a obra de reforma da área de lazer da mesma residência.
A agente de fiscalização do CAU/RJ, arquiteta e urbanista Letícia Jácome explica que os principais objetivos da atuação dos fiscais do Conselho em obras que não possuem profissionais habilitados são orientar e conscientizar a sociedade do perigo que é construir ou reformar sem o acompanhamento de um profissional habilitado. “A ação da fiscalização é mais pedagógica do que punitiva. Por esse motivo, sempre valorizamos quando um arquiteto e urbanista é contratado, o que mostra que nosso trabalho foi bem feito, pois o objetivo foi atingido”, comentou Letícia.
Para o gerente de fiscalização do CAU/RJ, arquiteto e urbanista Rodrigo Abbade, fiscalizar o exercício ilegal da profissão e, principalmente, orientar são atribuições fundamentais da autarquia. “O cidadão fiscalizado se conscientiza sobre a importância e a obrigatoriedade de se construir e reformar com a supervisão de profissionais habilitados. Ficamos sempre satisfeitos quando constatamos que uma ação de fiscalização resultou na contratação de um profissional”, disse Abbade.
CAU/RJ investe na Gerência de Fiscalização
A Plenária do CAU/RJ aprovou, na reunião do dia 10 de abril, a contratação de mais um analista para a Gerência de Fiscalização. Com o novo integrante na equipe, o setor terá ganho de produtividade, uma vez que possibilitará que os fiscais atuem mais tempo em campo. São atribuições do analista de fiscalização: instrução processual, após auto de infração; triagem das denúncias; análise de editais de concurso; assessorar as comissões do Conselho; entre outras.
