2º Encontro CAU/RJ com a Sociedade: Pela melhora da mobilidade e da acessibilidade urbanas
31 de outubro de 2013 |
|

Mobilidade e acessibilidade no ambiente urbano foram tema da última mesa do 2º Encontro CAU/RJ com a Sociedade (Fernando Alvim / Divulgação CAU/RJ)
A necessidade de rever a cultura veicular da cidade do Rio de Janeiro foi tema da mesa “Mobilidade e Acessibilidade”, no 2º Encontro CAU/RJ com a Sociedade, realizado nesta quarta-feira (30/10), na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, no Centro do Rio.
Ricardo Esteves, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-RJ, falou sobre a urgente necessidade de mudança dos parâmetros de mobilidade veicular na cidade do Rio, com o objetivo de vencer o que chamou de “ego-carro” — uma cultura de status que estimula as pessoas a se locomoverem com os seus automóveis em locais de grande movimento, gerando um baixo índice de ocupação (cerca de dois passageiros por carro, em média) que torna o trânsito verdadeiramente caótico e eleva o número de acidentes.
“O atual modelo chegou ao estado de saturação. É preciso estabelecer uma política de mobilidade urbana que dê prioridade aos deslocamentos a pé; aos veículos não motorizados (como bicicletas e triciclos); e aos transportes coletivos, em detrimento dos individuais. Essa política deve submeter-se às necessidades da cidade, facilitar a proximidade entre trabalho e moradia e, por fim, adaptar as tecnologias e os serviços às demandas de cada região. A cidade precisa voltar a ser das pessoas, que foram imprensadas em calçadas cada vez menores, e não dos veículos”, opinou.
O conselheiro do CAU/RJ Luiz Fernando Janot, mediador da mesa, fez um resumo histórico que remontou aos anos 60, época da nascente indústria automobilística brasileira, no governo JK, quando os automóveis particulares surgiram como solução para a classe média.
“O Plano Diretor da época do governador da Guanabara Carlos Lacerda priorizou o transporte rodoviário em detrimento de outras formas de locomoção. Ruas foram alargadas, túneis abertos e viadutos construídos. Mas a exaltação do carro particular começou a fazer ali a sua primeira grande vítima: os bondes e os trens. Costumo dizer que o transporte coletivo do Rio saiu dos trilhos a partir de então”, frisou Janot.
Abertura do 2º Encontro CAU/RJ propõe olhar multidisciplinar sobre questões urbanas, saiba como foi
O coordenador do Fórum de Mobilidade Urbana do Rio de Janeiro, Alcebíades Fonseca, elogiou o fato de o CAU/RJ trazer as discussões técnicas para a sociedade de forma transparente. Em sua breve exposição, ele associou o conceito de mobilidade aos seguintes pilares: regularidade, segurança, opção de modal, oferta diferenciada de linhas e acessibilidade.
Fernando Mac Dowel, engenheiro e professor doutor da pós-graduação de Engenharia Urbana e Ambiental da PUC/RJ, deu ênfase a alguns tópicos que precisam ser atendidos simultaneamente pelo poder público, todos sob signo da ideia de equilíbrio:
- Equilíbrio social, econômico, ambiental e urbanístico;
- Equilíbrio técnico e operacional; e
- Equilíbrio financeiro.
“A harmonia entre esses três grandes grupos é o que torna qualquer projeto de mobilidade urbana viável. Por exemplo: hoje não podemos fazer um trem como indutor de custo social, ou seja, com o transporte de seis ou oito pessoas por metro quadrado. Isto causa problemas em vez de resolvê-los. O mesmo serve para o sistema rodoviário, que por estar saturado traz conseqüências ambientais. Todos os fatores enumerados precisam estar integrados, o que só se consegue com planejamento”, advertiu Mac Dowel.
O 2º Encontro CAU/RJ com a Sociedade é uma discussão anual promovida pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro com o objetivo de discutir o papel social da Arquitetura e Urbanismo e aproximar os profissionais das atuais demandas da população do Estado do Rio de Janeiro.