Evento Arquitetura e Urbanismo é Cultura discute patrocínio e políticas culturais
11 de setembro de 2018 |
|
O debate “Arquitetura e Urbanismo é Cultura” reuniu nesta segunda-feira, 10 de setembro, interessados em participar do Programa CAU/RJ de Patrocínio Cultural e debater políticas culturais. O evento contou com a participação da chefe do setor de políticas culturais da Fundação Casa de Rui Barbosa, Lia Calabre; do curador do Festival Internacional de Cinema de Arquitetura (Archcine), Diogo Leal; do arquiteto e urbanista, ex-coordenador da Comissão de Patrocínio do CAU/RJ, Jorge Costa; e da conselheira do CAU/RJ e membro da atual Comissão, Luciana Ximenes.
Previsto para ser realizado no dia 3/9, o evento foi adiado em função do incêndio que destruiu o Museu Nacional na semana passada. O tema foi lembrado durante o encontro. “Continuamos com o Programa de Patrocínio Cultural, criado em 2013, porque temos clareza da importância de incentivar a produção cultural e a arquitetura como cultura, mas este é um momento de lamento. Não dá para nos descolarmos desse cenário maior em que a cultura é tão desvalorizada”, afirmou o presidente do CAU/RJ, Jeferson Salazar.
“Sem dúvida, nós que lutamos pela preservação da memória, estamos de luto. Especialmente se pensarmos que esta era uma tragédia anunciada. Parte significativa de nosso acervo vive no limite do risco. A preservação de nosso patrimônio nunca está no campo das urgências”, complementou a chefe do setor de políticas culturais da Fundação Casa de Rui Barbosa, Lia Calabre. Em sua fala, ela apresentou alguns desafios das políticas culturais no Brasil. Entre eles estão a inclusão da cultura na pauta das políticas públicas, o direito do cidadão comum de acessar e produzir cultura e a diversidade cultural do país. “O patrocínio do CAU/RJ acerta por tratar a cultura para além das linguagens artísticas, por entender que o campo da cultura é mais amplo”, opinou.
O curador do Archcine, Diogo Leal, contou um pouco de sua experiência com a realização do Festival, patrocinado pelo CAU/RJ nas edições de 2016 e 2017. “Percebemos que havia festivais de cinema em todo o mundo, menos no Brasil e fomos procurar quem poderia nos ajudar a financiar esta ideia. O edital do CAU foi um pontapé importante. Sem ele, não conseguiríamos ter saído do Rio de Janeiro e chegado a cinco cidades”, lembrou.
Diogo Leal falou sobre a dificuldade de obter patrocínio como festival cinematográfico, tendo que recorrer, muitas vezes, a verbas destinadas ao patrimônio ou à ocupação do espaço público. “É importante criar formas em que as pessoas consigam enxergar a importância cultural da arquitetura. Este ano, no Archcine, pretendemos implantar um concurso de micrometragem, para fomentar a produção de vídeos sobre arquitetura. Queremos nos aproximar das universidades e apresentar as inúmeras aplicações da arquitetura no campo das representações artísticas”, afirmou.
O debate também contou com a exibição do documentário “Crônica da Demolição”, seguida de bate-papo com o diretor do filme, Eduardo Ades. O longa, patrocinado pelo CAU/RJ em 2016, mostra a destruição do Palácio Monroe, localizado na Avenida Central (atual Av. Rio Branco), onde, hoje, há uma praça e um estacionamento subterrâneo.
O filme despertou a curiosidade da plateia a respeito dos motivos que levaram à derrubada do Palácio. “São tantas as hipóteses possíveis que contribuem para esta decisão, a construção do metrô, o rodoviarismo, brigas políticas, que não nos preocupamos em desmenti-las”, contou Ades. A elaboração do roteiro também despertou atenção dos presentes. “Pensamos no roteiro como um thriller em que o Palácio Monroe seria a vítima e estamos entrevistando os ‘suspeitos’, que falam em primeira pessoa”, revelou o diretor.
A conselheira Luciana Ximenes apresentou os principais pontos do edital de Patrocínio Cultural do CAU/RJ, que está com inscrições abertas até 21 de setembro e tirou dúvidas da plateia. Diogo Leal também deu dicas úteis para quem deseja inscrever seu projeto. “É importante ler o edital com atenção e prestar atenção a itens como forma de envio, a documentação que será solicitada e o limite orçamentário”, alertou.
Em sua sexta edição, o CAU/RJ destinará R$ 206.375,10 a projetos de eventos, cursos, publicações e produções culturais diversas que promovam a Arquitetura e o Urbanismo. As cotas são de R$ 35 mil para projetos de âmbito estadual e de R$ 50 mil para projetos de âmbito nacional. Este ano podem participar apenas pessoas jurídicas sem fins lucrativos.
As propostas serão avaliadas por comissão composta pelos conselheiros Lucas Franco (coordenador), Ana Lúcia Bertoche, Ivan Pereira, Luciana Ximenes e Teresa Cristina Reis, que também participaram da elaboração do edital. O resultado final será divulgado no dia 6 de novembro.
Mais informações: http://www.caurj.gov.br/programa-de-patrocinio-cultural-cau-rj-2018/